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Haddad sobre Tarcisio: “ou é candidato a presidente ou é candidato a vassalo”

Tarcísio é criticado por Haddad após silêncio sobre tarifa de Trump contra exportações brasileiras; ministro acusa Bolsonaro de conspiração internacional

Fernando Haddad e Tarcísio de Freitas (Foto: Reprodução/Youtube)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Durante entrevista coletiva com mídias independentes nesta quinta-feira (10), transmitida pelo canal do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou duramente a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar tarifas de 50% sobre produtos importados do Brasil e afirmou que a medida não tem respaldo econômico ou comercial. Segundo ele, trata-se de uma retaliação política articulada dentro do Brasil com a participação da família Bolsonaro.

A entrevista, conduzida por Larissa Gould, coordenadora do Barão de Itararé, teve a participação de veículos como Brasil 247, CartaCapital, Fórum, Diário do Centro do Mundo e TVT News.

“Não há racionalidade econômica na medida que foi tomada”, declarou Haddad. O ministro argumentou que os Estados Unidos são superavitários na balança comercial com a América do Sul e com o Brasil e, portanto, não haveria lógica econômica para aplicar a tarifa, mesmo quando era de apenas 10%. “Hoje nós estamos falando de uma tarifa insustentável, tanto do ponto de vista econômico quanto do ponto de vista político, de 50%.”

Segundo Haddad, a medida tem motivações políticas e foi “gestada dentro do Brasil”. Ele apontou diretamente a atuação da família Bolsonaro, sugerindo que a imposição tarifária foi articulada como forma de retaliação em meio às investigações judiciais que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro. “A única explicação é de caráter político envolvendo a família Bolsonaro. Isso não é uma acusação infundada que eu estou fazendo. O próprio Eduardo Bolsonaro disse a público que se não vier o perdão, as coisas tendem a piorar.”

O ministro também criticou a reação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que, segundo ele, deveria se posicionar diante de uma medida que afeta diretamente setores econômicos do estado. “O governador errou muito, porque ou bem uma pessoa é candidata a presidente ou é candidata a vassalo. E não há espaço no Brasil para vassalagem. Desde 1822 isso acabou”, afirmou Haddad. Ele destacou que produtos afetados pela tarifa incluem o suco de laranja paulista e aviões da Embraer.

Na avaliação do ministro, a diplomacia brasileira tem plenas condições de reverter a situação. Ele destacou a atuação do Itamaraty e as relações históricas de cooperação entre Brasil e Estados Unidos. “Nós temos uma diplomacia reconhecida no mundo inteiro como uma das mais profissionais. Nosso Itamaraty sabe negociar, sabe sentar à mesa.”

Haddad também rejeitou qualquer insinuação de alinhamento automático do Brasil a blocos econômicos específicos, como os BRICS, e reiterou a política externa de multilateralismo. “O Brasil é grande demais para ser apêndice de um bloco econômico. Os nossos interesses com a Europa, com China, com Estados Unidos, eles são de tamanho equivalente.”

Na entrevista, o ministro enfatizou a complementaridade das cadeias produtivas entre os dois países e afirmou que o comércio bilateral, que inclui produtos industrializados e tecnologia, tem sido historicamente equilibrado. “Não há por que não voltar a discutir em bases econômicas que sejam boas para os dois lados.”

Por fim, Haddad reforçou que as sanções impostas por Trump são prejudiciais ao próprio Brasil e à indústria paulista, e se mostram insustentáveis inclusive para a extrema direita que, segundo ele, deu “um tiro no pé”. “Eu quero crer que esse tiro no pé vai ser revertido porque ele é insustentável.” Assista:

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