Espanha prende 8 pessoas após confrontos entre grupos de extrema-direita e imigrantes
Dezenas de jovens, alguns encapuzados, arremessaram garrafas de vidro e outros objetos contra a polícia de choque em Torre Pacheco na noite de domingo
Reuters - A polícia espanhola prendeu oito pessoas após três noites de confrontos entre grupos de extrema-direita e imigrantes norte-africanos em uma cidade no sudeste da Espanha, informou o governo nesta segunda-feira.
Em um dos piores confrontos dos últimos tempos na Espanha, várias dezenas de jovens, alguns encapuzados, arremessaram garrafas de vidro e outros objetos contra a polícia de choque em Torre Pacheco na noite de domingo, segundo jornalistas da Reuters.
A polícia disparou balas de borracha para conter a agitação.
O problema teve origem em um ataque na semana passada a um homem na casa dos 60 anos que o deixou ferido e se recuperando em casa.
A vítima disse à emissora LaSexta na semana passada que estava fazendo uma caminhada no jardim de um cemitério quando dois homens, falando em um idioma que ele não entendia, correram em sua direção, um deles agitado.
"Ele me jogou no chão e me bateu. Tudo aconteceu muito rápido. Acho que eles me bateram e depois foram embora", declarou o homem, que LaSexta e outros veículos de mídia identificaram como Domingo Tomas.
As autoridades disseram que prenderam dois estrangeiros suspeitos de estarem envolvidos na agressão, embora ainda estejam procurando o principal agressor, que já foi identificado.
Os outros seis -- cinco espanhóis e uma pessoa de origem norte-africana -- foram presos por agressão, desordem pública, crimes de ódio ou danos à propriedade, informou o Ministério do Interior.
Os imigrantes, muitos deles de segunda geração, constituem cerca de um terço da população de Torre Pacheco, de aproximadamente 40.000 habitantes.
A área ao redor da cidade também abriga um grande número de imigrantes que atuam como trabalhadores diários na agricultura, um dos pilares da economia da região de Múrcia.
"Peço à comunidade imigrante que não saia de suas casas e não confronte os desordeiros, porque o confronto não leva a nada e, no fim das contas, nos deixa com medo", disse o prefeito local Pedro Angel Roca à emissora nacional TVE.
"QUEREMOS PAZ" - Em entrevista à estação de rádio Cadena Ser, o ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, atribuiu a violência à retórica anti-imigração de grupos de extrema-direita e partidos políticos como o Vox, que, segundo ele, associa injustificadamente a imigração ao crime.
A violência em Torre Pacheco foi organizada e fomentada por apelos nas mídias sociais, acrescentou o ministro.
O líder do Vox, Santiago Abascal, negou qualquer responsabilidade pelos incidentes e disse que a culpa é das políticas imigratórias do governo.
A Espanha tem se mostrado aberta à imigração e aos seus benefícios econômicos, mesmo quando outros governos europeus têm restringido as fronteiras. Mas o debate foi reacendido, liderado pelo Vox, depois que planos de realocar imigrantes menores de idade desacompanhados das Ilhas Canárias para o resto da Espanha foram confirmados nas últimas semanas.
"A Espanha não é um país que caça imigrantes e, se tivermos que sair às ruas, será para defender os direitos de milhares de pessoas que estão completamente presas e angustiadas por essa caça aos imigrantes", disse a ministra da Migração, Elma Saiz, ao jornal El Pais.
Abdelali, um imigrante norte-africano que vive em Torre Pacheco e não quis dar seu sobrenome, contou que estava com medo de andar de scooter por receio de ser atingido por garrafas dos manifestantes.
"Queremos paz. É isso que queremos, não queremos mais nada", disse ele à Reuters no domingo.
Em 2000, violentos protestos anti-imigração eclodiram na cidade de El Ejido, em Almeria, no sul da Espanha, depois que três cidadãos espanhóis foram mortos por imigrantes marroquinos.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: