Governo Lula se divide sobre legalização dos jogos de azar e Senado adia votação
Fazenda e Turismo defendem a medida por motivos econômicos, mas área social teme reação evangélica e alerta para riscos da ludopatia
247 - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta um impasse interno em relação ao projeto de lei que propõe a legalização dos jogos de azar no Brasil. A votação da proposta, que tramita no Senado Federal, foi adiada nesta quarta-feira (8), após decisão do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), por falta de quórum, informa o Metrópoles.
O texto autoriza a instalação de cassinos em polos turísticos e complexos de lazer integrados, além de revogar a legislação que, desde 1946, criminaliza o jogo do bicho. Embora tenha apoio da área econômica do governo, a proposta encontra resistência entre ministros da área social e enfrenta forte oposição da bancada evangélica no Congresso Nacional.
Apoio econômico x preocupação social - Nos bastidores do Palácio do Planalto, os ministérios da Fazenda e do Turismo veem com entusiasmo o avanço da proposta, argumentando que ela pode ampliar significativamente a arrecadação tributária e impulsionar o turismo em diversas regiões do país. Por outro lado, as pastas da Saúde e do Desenvolvimento Social expressaram preocupação com os impactos sociais da medida, especialmente no que diz respeito ao risco de vício em jogos — a chamada ludopatia — e ao comprometimento da renda das famílias beneficiárias do Bolsa Família.
“Quem segura isso?”, questiona Lula - O presidente Lula já se manifestou sobre o tema. Em junho do ano passado, declarou que não se opõe à legalização e que sancionaria a medida, caso fosse aprovada pelo Congresso. Na ocasião, ele criticou a proibição seletiva dos jogos e comparou o jogo do bicho com as apostas esportivas:
“Sempre achei que o jogo do bicho era o que mais distribuía dinheiro. O cara acorda de manhã e vai apostar. Isso é considerado uma contravenção, proibido. Mas e a jogatina que tem hoje na televisão? No esporte? Criança com celular na mão fazendo aposta o dia inteiro? Quem segura isso?”, disse Lula.
Pressão da bancada evangélica - O principal obstáculo à aprovação do projeto está na oposição liderada por parlamentares conservadores, especialmente os ligados à bancada evangélica. No último dia 2 de julho, líderes religiosos divulgaram uma carta em que ameaçam expor os senadores que apoiarem a legalização dos jogos de azar.
O relator da proposta, senador Irajá (PSD-TO), também enfrenta resistência interna em seu partido, principalmente de correligionários evangélicos como Vanderlan Cardoso, Eliziane Gama e Zenaide Maia.
Diante do impasse e da ausência de consenso, o presidente do Senado retirou o projeto da pauta. Ainda não há uma nova data definida para a votação.
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