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"Novo Banco de Desenvolvimento rompe com a lógica da subordinação", diz Dilma, no Rio de Janeiro

Dilma Rousseff defende o protagonismo do Sul Global, critica sanções e propõe mais cooperação, inclusão digital e transição energética

Dilma e Lula na abertura do encontro do Novo Banco de Desenvolvimento (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – A presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, abriu nesta sexta-feira (4) o 10º Encontro Anual da instituição, realizado no Rio de Janeiro, com um discurso firme em defesa da soberania dos países do Sul Global e da necessidade de transformação da arquitetura financeira internacional. O evento contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de autoridades dos países membros do NDB. 

Logo no início de sua fala, Dilma lembrou que a criação do banco pelos BRICS, há uma década, foi muito mais que uma inovação institucional: “Foi uma declaração política de intenções e de práticas. Uma afirmação de que os países do Sul Global deixariam de ser receptores passivos de modelos de crescimento impostos e passariam a ser arquitetos do seu próprio futuro.”

Uma nova lógica de desenvolvimento

Dilma destacou que o NDB surgiu com a proposta de romper com as condicionalidades e as abordagens impostas “de cima para baixo” por instituições tradicionais. “O desenvolvimento deve ser sustentável, inclusivo, justo, resiliente e soberano”, afirmou. Ela ressaltou que o banco opera com uma estrutura de governança horizontal, sem dominação de um único país e com voz igualitária entre os membros: “Nenhuma voz é silenciada, nenhum país domina.”

Segundo a presidenta, o NDB se diferencia por ancorar suas ações nas prioridades nacionais dos países membros, respeitando seus projetos de desenvolvimento e promovendo investimentos em infraestrutura, industrialização, tecnologia e sustentabilidade.

Críticas ao unilateralismo e ao sistema financeiro internacional

Em sua avaliação do cenário global, Dilma foi enfática ao criticar a crescente fragmentação geopolítica e a utilização de mecanismos econômicos como instrumentos de coerção. “Tarifas, sanções e restrições financeiras estão sendo usadas como ferramentas de subordinação política”, denunciou. Ela também alertou para as assimetrias persistentes no sistema financeiro internacional, que impõem os maiores fardos aos países com menos recursos.

“É por isso que o Novo Banco de Desenvolvimento é importante. É por isso que nossa missão continua não apenas relevante, mas essencial”, destacou, acrescentando que o banco deve continuar atuando como espaço de confiança, diálogo e cooperação entre os países do Sul Global.

Sustentabilidade e transformação digital

Dilma enfatizou que o NDB precisa estar na vanguarda do financiamento climático e da transição energética, com foco especial nos países mais afetados por eventos extremos. “O financiamento climático deve ser um mecanismo concreto em prol da adaptação, da transição energética e da resiliência”, afirmou.

Ela também abordou a revolução digital e os riscos da exclusão. “Sem uma política de inclusão, só aprofundaremos a exclusão digital”, alertou. A presidenta do banco defendeu o uso da conectividade e da inteligência artificial como ferramentas para ampliar o acesso à educação, à saúde e aos serviços públicos.

Fortalecimento institucional e parcerias estratégicas

Entre as propostas concretas para o futuro do banco, Dilma apontou a necessidade de expandir o financiamento em moeda local, reduzir a vulnerabilidade externa, aprofundar os mercados de capitais domésticos e ampliar as parcerias com bancos nacionais de desenvolvimento, com o setor privado, com a academia e com outras instituições multilaterais.

“Precisamos tornar o conhecimento, a tecnologia e as ferramentas financeiras acessíveis aos nossos países membros, especialmente àqueles com capacidade institucional limitada”, afirmou.

O futuro do NDB no mundo multipolar

Encerrando seu discurso, Dilma afirmou que a próxima década será decisiva para o NDB e para o Sul Global. “Estamos apenas começando. Na próxima década devemos consolidar nosso papel de liderança para o desenvolvimento equitativo, sustentável e autônomo em um mundo multipolar”, disse. E concluiu com uma convocação à ousadia: “Que essa seja a década de ouro da instituição, uma década em que atuemos com ousadia, pensemos a longo prazo e permaneçamos fiéis ao espírito que deu origem a esta instituição.”

Ao colocar o Novo Banco de Desenvolvimento como um pilar do novo multilateralismo, Dilma Rousseff sinalizou que os países emergentes estão dispostos a desafiar a ordem estabelecida e construir, em conjunto, um modelo mais justo e soberano de cooperação internacional. Assista:

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