"O desenvolvimento deve ser sustentável, inclusivo, justo, resiliente e soberano", diz Dilma na reunião do Banco dos BRICS
Ex-presidente celebrou os 10 anos do NDB e defendeu a construção de instituições alinhadas às prioridades e soberanias dos países do Sul Global
247 - Na celebração dos 10 anos do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), a presidente da instituição e ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, destacou a importância de um modelo de desenvolvimento enraizado na soberania dos países do Sul Global. A fala ocorreu durante a reunião do banco nesta semana e reafirmou os princípios fundadores da instituição. A cobertura é do Brasil 247.
Segundo Dilma, a criação do NDB há uma década marcou mais que o surgimento de um novo organismo multilateral: foi uma declaração política da autonomia dos países em desenvolvimento. "O desenvolvimento deve ser sustentável, inclusivo, justo, resiliente e soberano", afirmou, destacando a proposta de uma cooperação baseada na igualdade e no respeito mútuo, sem imposições externas.
Banco como alternativa e afirmação política - Criado em 2014 pelos membros do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o NDB surgiu com a missão de financiar projetos de infraestrutura e sustentabilidade em países em desenvolvimento. Para Dilma, a estrutura do banco rompe com o modelo tradicional das instituições financeiras globais, ao permitir que os países membros tenham poder de decisão equilibrado. "Nenhum país domina. Nenhuma voz é silenciada", disse.
A ex-presidente enfatizou que a governança horizontal e o respeito às prioridades nacionais demonstram que o banco "é uma prova de que há mais de uma maneira de promover o desenvolvimento". Nesse sentido, ressaltou que o NDB não tem como meta substituir outras instituições, mas sim oferecer uma alternativa "confiável, eficiente e adaptada" aos desafios dos países do Sul.
Críticas ao cenário geopolítico e à assimetria global - Dilma também apontou os retrocessos que o multilateralismo vem enfrentando nos últimos anos. Em sua avaliação, o mundo atual está "mais fragmentado, desigual e exposto a crises — climáticas, econômicas e geopolíticas". Ela alertou para o uso crescente de tarifas, sanções e restrições financeiras como instrumentos de coerção política e destacou que "as cadeias produtivas estão sendo reestruturadas não apenas pela busca de mais eficiência, mas por interesses geopolíticos".
Para ela, o sistema financeiro internacional permanece "profundamente assimétrico", impondo os maiores fardos aos países com menos recursos. Nesse contexto, o NDB representa uma ferramenta essencial para "refletir as aspirações do mundo de hoje", defendeu.
Visão para a próxima década - Encerrando sua fala, Dilma afirmou que os próximos dez anos serão decisivos para o banco, o BRICS e o próprio Sul Global. A missão do NDB, segundo ela, continua "relevante e essencial", e precisa ser reafirmada diante dos novos desafios. "Comemoramos, portanto, a primeira década do banco, não só com orgulho, mas com senso renovado de propósito", disse.
A ex-presidente reforçou que os países emergentes e em desenvolvimento merecem instituições que compreendam seus desafios, respeitem suas escolhas e apoiem suas ambições. "O desenvolvimento é mais eficaz quando está ancorado nas prioridades nacionais e pertence àqueles a quem se destina", concluiu.
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