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Opep+ considera acelerar a produção de petróleo mais do que o esperado; decisão deve ser tomada neste sábado

Reunião virtual marcada para sábado pode antecipar retomada integral da oferta, aumentando pressão sobre os preços do barril

Logo da Opep (Foto: Reuters)
Luis Mauro Filho avatar
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247 - Em meio à volatilidade no mercado internacional de petróleo, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) avalia intensificar ainda mais a retomada da produção de óleo bruto. Segundo reportagem da Bloomberg, a possibilidade será discutida em uma reunião virtual prevista para este sábado (5), e envolve uma aceleração significativa da oferta já a partir de agosto.

Nos últimos três meses, sob orientação da Arábia Saudita, o grupo ampliou a produção em 411 mil barris por dia, buscando recuperar espaço frente a concorrentes fora do cartel, como os produtores de xisto dos Estados Unidos. Agora, oito dos principais membros da aliança estariam debatendo um aumento superior a 500 mil barris diários, o que permitiria à Opep+ antecipar para setembro a reintegração completa dos 2,2 milhões de barris que haviam sido suspensos — dois meses antes do inicialmente previsto.

A estratégia é considerada audaciosa e pode provocar uma nova queda nos preços internacionais do petróleo, mesmo diante do risco de excesso de oferta no mercado global. O barril do Brent já acumula retração de 13% nas últimas duas semanas e era negociado próximo dos US$ 68 na sexta-feira, em Londres.

Entre os fatores que impulsionam essa mudança estão a necessidade de atender à demanda sazonal mais alta durante o verão no Hemisfério Norte, a tentativa de conter a produção acima da cota por parte de alguns membros e a disputa direta por mercado com produtores independentes. Delegados ouvidos pela Bloomberg sob condição de anonimato disseram que Riad está particularmente empenhada em acelerar a reativação dos volumes ociosos.

“Ao trocar uma estratégia de defesa de preços por uma de recuperação de mercado, talvez não faça mais sentido manter cortes voluntários simbólicos”, avaliou Harry Tchilinguirian, chefe de pesquisa da Onyx Capital Group. “Pode ser melhor resolver logo essa fase e seguir em frente.”

O possível aumento da produção tende a agradar ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que vê a queda nos preços como uma forma de aliviar o impacto da inflação sobre os consumidores e fortalecer a economia do país. A gestão Trump tem pressionado pela redução do custo dos combustíveis e vem cobrando uma postura mais flexível do Federal Reserve quanto às taxas de juros.

Apesar disso, o cenário global ainda inspira cautela. Estoques de petróleo vêm crescendo a uma média de 1 milhão de barris por dia nos últimos meses, diante do esfriamento da demanda chinesa e da expansão da produção em países como EUA, Canadá, Brasil e Guiana. A Agência Internacional de Energia (AIE) projeta um excedente expressivo no segundo semestre, e bancos como JPMorgan e Goldman Sachs alertam para a possibilidade de o barril recuar a US$ 60 ou menos até o fim do ano.

A reunião deste sábado, antecipada em um dia por razões de agenda, poderá definir os próximos passos da política de produção da Opep+, com impactos diretos para o equilíbrio do mercado mundial de petróleo e para as economias dos países exportadores.

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