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Estados Unidos cancelam vistos de integrantes do Bob Vylan após protesto contra o Exército de Israel em Glastonbury

Após protesto contra o Exército de Israel no festival, vistos dos artistas foram cancelados pelos EUA e polícia britânica abriu investigação

Performance do conjunto Bob Vylan em festival na Inglaterra - 29/06/2025 (Foto: Reprodução/Instagram)
Luis Mauro Filho avatar
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247 - O duo Bob Vylan se tornou o centro de uma crise diplomática após protestar contra o Exército de Israel durante sua apresentação no Festival de Glastonbury, no último sábado (22). O gesto, que incluiu gritos de “morte ao IDF” liderados pelo vocalista Bobby Vylan, levou os Estados Unidos a revogarem os vistos dos artistas e motivou a abertura de uma investigação criminal pela polícia britânica. 

O vice-secretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, confirmou que o Departamento de Estado revogou os vistos dos integrantes da banda. “O Departamento de Estado revogou os vistos norte-americanos dos integrantes da banda Bob Vylan diante do discurso de ódio no Glastonbury, incluindo os gritos de morte que lideraram”, escreveu ele na plataforma X. “Estrangeiros que glorificam a violência e o ódio não são bem-vindos em nosso país.”

O grupo tinha uma série de apresentações programadas nos Estados Unidos a partir de outubro, conforme divulgado anteriormente no Instagram oficial da banda.

Coro contra o IDF e críticas à BBC

Durante o show no palco West Holts, Bobby Vylan iniciou sua performance com o grito “Free, free Palestine”, antes de provocar o público com a frase: “Alright, but have you heard this one though? Death, death to the IDF” (“Certo, mas vocês já ouviram essa? Morte, morte ao IDF”). A apresentação foi acompanhada por uma projeção que dizia: “As Nações Unidas chamam de genocídio. A BBC chama de ‘conflito’”.

No domingo (23), o artista se pronunciou no Instagram, afirmando: “I said what I said” (“Eu disse o que eu disse”). Na postagem, relatou ter recebido mensagens de apoio e de ódio. “Ensinar nossas crianças a falar pelas mudanças que desejam e precisam é o único caminho para tornar este mundo um lugar melhor”, escreveu. “À medida que envelhecemos e o fogo pode começar a se apagar sob o peso da vida adulta e suas responsabilidades, é extremamente importante inspirar as futuras gerações a carregar a tocha que nos foi passada.”

Condenação de autoridades e resposta da BBC

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, reagiu com dureza. “Não há justificativa para esse tipo de discurso de ódio repugnante”, afirmou. A Embaixada de Israel no Reino Unido também repudiou o ato, classificando-o como “retórica inflamatória e odiosa”.

A BBC, que transmitia a apresentação ao vivo, declarou que “alguns dos comentários feitos durante a performance foram profundamente ofensivos” e informou que o conteúdo não será disponibilizado em sua plataforma de streaming, o iPlayer. Em nova nota publicada na segunda-feira, a emissora afirmou que “com o benefício do retrospecto”, deveria ter interrompido a exibição do show. “A BBC respeita a liberdade de expressão, mas se posiciona firmemente contra a incitação à violência”, disse o comunicado. “Os sentimentos antissemitas expressos por Bob Vylan foram totalmente inaceitáveis e não têm lugar em nossas transmissões.”

Polícia britânica investiga possível crime de ódio

A polícia de Somerset, região onde ocorre o festival, anunciou que está analisando vídeos e áudios da apresentação. Um comunicado oficial informou que “novas diligências são necessárias” e que foi aberta uma investigação criminal em estágio inicial. A corporação ressaltou que “considerará de forma rigorosa toda a legislação aplicável, incluindo as relativas a crimes de ódio”.

Kneecap também provocou controvérsia

O festival também foi marcado pela apresentação do grupo irlandês Kneecap. Um de seus integrantes, Liam O’Hanna (Mo Chara), enfrenta acusações por suposto envolvimento com terrorismo, após ter exibido uma bandeira do Hezbollah em um show em Londres em 2024. Apesar de negar as acusações, Mo Chara afirmou durante a apresentação que os últimos dias foram “estressantes”, mas que isso “não se compara ao que o povo palestino está passando”.

Já o rapper Móglaí Bap criticou diretamente o premiê britânico: “O primeiro-ministro do seu país, não do meu, disse que não queria que tocássemos aqui, então f**a-se Keir Starmer”.

A apresentação do Kneecap também está sob investigação pelas autoridades britânicas.

Liberdade de expressão ou incitação à violência?

Conhecidos por misturar punk, rap e ativismo social em suas letras, os integrantes do Bob Vylan agora se veem no centro de um debate sobre os limites da liberdade de expressão, especialmente quando essa liberdade entra em rota de colisão com políticas de segurança nacional e com o apoio incondicional de aliados ocidentais a Israel. A reação das autoridades americanas e britânicas, assim como a censura imposta pela BBC, acirrou ainda mais a polarização em torno do tema.

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