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Brasileira denuncia que Juliana Marins pode ter sido enganada na Indonésia

Advogada relata perrengue e falta de estrutura em subida ao Monte Rinjani, na Indonésia, vendida como trilha “fácil” para turistas

Juliana Marins, turista brasileira morta durante trilha na Indonésia - 25/06/2025 (Foto: Reprodução/Instagram/@resgatejulianamarins)
Laís Gouveia avatar
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247 - O caso da brasileira Juliana Marins, que morreu ao cair durante uma trilha no Monte Rinjani, segundo maior vulcão da Indonésia, reacendeu o alerta sobre os perigos escondidos em passeios turísticos vendidos como “seguros”. A tragédia, que ganhou destaque nos últimos dias, vem sendo acompanhada por relatos de outros brasileiros que também passaram por situações de risco na mesma região. A reportagem é do O Globo. 

Uma dessas pessoas é a advogada e viajante Maria Luiza Lins Reuter, de 39 anos, que esteve na Indonésia em 2017. Com experiência em mais de 20 países, ela conta que sua excursão ao Monte Rinjani também foi marcada por enganação, falta de equipamentos e total descaso da agência de turismo. Para Maria, o caso de Juliana pode ser consequência do mesmo esquema que ela vivenciou anos atrás.

“As chances de a Juliana ter sido enganada são muito grandes. Lamento demais”, afirmou Maria Luiza, que esteve no país asiático originalmente para praticar surfe, mas decidiu incluir o passeio ao vulcão na viagem.

Ela relata que a trilha foi vendida como algo simples, sem grandes exigências físicas e, segundo a agência, adequada inclusive para idosos e crianças. “Nos foi vendido como um passeio muito tranquilo, uma trilha fácil, que idosos e crianças seriam capazes de fazer. E também nos foi garantido que teríamos um guia experiente, que ficaria à nossa disposição”, detalha.

A promessa incluía um percurso de dois dias e três noites, com direito a barracas, alimentação e todos os equipamentos necessários. Mas, na prática, o que o grupo de brasileiras encontrou foi um cenário caótico.“Quando chegamos para alugar os equipamentos, após horas de viagem até a base do vulcão, não encontramos o que precisávamos. Não havia, por exemplo, botas nos nossos tamanhos. E fomos pressionadas a continuar, pois estávamos em grupo. Era uma agência. Não tínhamos como voltar. Nos foi garantido que seria possível fazer o percurso assim mesmo”, relata.

As dificuldades começaram logo nas primeiras horas. O guia responsável pelo grupo levou apenas duas barracas para seis pessoas e, para piorar, sugeriu que uma das brasileiras dormisse ao lado de um desconhecido.

“Da entrada do parque até o local onde acamparíamos, foram seis horas de caminhada, e estávamos bastante cansadas quando chegamos à base do vulcão. Quando chegamos lá, ficamos atônitas. Era um lugar muito estreito, com despenhadeiros dos dois lados. Uma das minhas amigas teve uma crise de pânico, enquanto o guia ria da nossa situação. Ele queria que dividíssemos uma barraca com um rapaz que nunca havíamos visto na vida”, desabafa Maria.

Diante do medo e do desconforto, uma das amigas de Maria desistiu da expedição e optou por permanecer no acampamento, mesmo sem roupas adequadas para o frio intenso. Já as demais seguiram rumo ao topo do vulcão durante a madrugada, mas a situação só piorou.Segundo Maria Luiza, o guia possuía apenas uma lanterna para todo o grupo, que parou de funcionar após 40 minutos de caminhada. O restante do percurso, de quase quatro horas até o cume, foi feito no escuro e em condições extremamente perigosas.“Chegamos ao topo do vulcão depois de 4 horas, já de manhã. A descida era extremamente difícil. Nos momentos em que conseguíamos nos comunicar, era para pedir a Deus que ninguém escorregasse. Não houve qualquer empatia ou cuidado conosco”, lembra a advogada.Após o retorno ao ponto de descanso, o grupo conseguiu encerrar o passeio sem ferimentos, mas o trauma ficou. O episódio, segundo Maria, deixou claro o despreparo e a irresponsabilidade das agências locais.

“O que aconteceu foi um absurdo. Sou acostumada a viajar e nunca imaginei que, num box de turismo, fosse vendido um passeio com esse grau de risco como se fosse algo tranquilo. Ser colocada numa situação dessas, de forma totalmente iludida, é o que mais me abala. Isso aconteceu em 2017, e em 2025 continua acontecendo do mesmo jeito”, finaliza.

O caso de Juliana Marins reforça o alerta para turistas que buscam aventuras em destinos de natureza extrema, principalmente em países onde o controle sobre as agências de turismo é frágil ou inexistente. Autoridades locais ainda investigam as circunstâncias da morte da brasileira e cobram melhorias na regulamentação dos passeios ao Monte Rinjani.

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