Paris libera banho no rio Sena após cem anos de proibição
Medida vale até 31 de agosto e marca legado ambiental dos Jogos de Paris, com praia artificial inspirada no Brasil
247 - Capital francesa liberou neste sábado (5) o banho em três trechos do rio Sena, encerrando uma proibição que vigorava desde 1923. A reabertura, válida até 31 de agosto, integra o legado dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2024, que motivaram um extenso programa de despoluição do rio. O investimento foi estimado em € 1,4 bilhão (cerca de R$ 9 bilhões), com a construção de piscinões e estações de tratamento de esgoto.
O presidente francês Emmanuel Macron destacou em publicação: “Conseguimos”, ao lembrar que o banho no Sena foi uma promessa feita em 1988 por Jacques Chirac, que foi prefeito de Paris e presidente da França. Já a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, classificou a iniciativa como um símbolo de recuperação ambiental. “Despoluir a água do nosso rio, que depois vai para o mar, também é uma contribuição à proteção da natureza”, declarou. Em 2023, ela fez um mergulho simbólico no Sena, ao lado de convidados.
Três pontos liberados com regras específicas
Os locais autorizados ficam nas proximidades da catedral de Notre-Dame (região central), da Torre Eiffel (oeste) e da Biblioteca Nacional (leste). O acesso está restrito a maiores de dez anos, com capacidade para até 600 banhistas simultaneamente. A segurança será feita por salva-vidas, que poderão retirar da água qualquer pessoa que apresente dificuldade para nadar ou boiar.
O banho poderá ser suspenso temporariamente em caso de forte correnteza, chuva ou resultados negativos nas análises bacteriológicas, que serão publicadas pela prefeitura. Durante os Jogos Olímpicos de 2024, houve críticas sobre a falta de transparência nos testes de qualidade da água. Alguns atletas relataram mal-estar após treinos, mas não foi estabelecida relação comprovada com a poluição do rio.
Mudança climática e adaptação urbana
Anne Hidalgo também afirmou que a liberação do banho no Sena se relaciona ao combate aos efeitos das mudanças climáticas. “É uma medida de adaptação. Temos que nos virar para o rio, e não dar as costas a ele, como foi o caso durante muito tempo em Paris.” A previsão é que as temperaturas na cidade se aproximem dos 50 °C até a metade do século. Na semana passada, a capital francesa registrou quase 40 °C.
Desde 2002, a cidade instala praias artificiais de verão, chamadas Paris Plages, mas o banho no rio não era permitido. Em 2017, foi liberada a natação em La Villette, rede de canais do século XIX. A nova liberação inclui também uma praia artificial decorada com temática brasileira, em referência ao Ano do Brasil na França.
Histórico de poluição e caso brasileiro
O banho no Sena foi proibido em 1923 devido à poluição provocada por esgoto doméstico e resíduos industriais. Mesmo assim, até a década de 1970, era comum ver parisienses se arriscando a nadar durante ondas de calor. Recentemente, durante a onda de calor de junho de 2025, moradores e turistas voltaram a se jogar nos canais da cidade, mesmo sem autorização.
O trecho liberado próximo à Torre Eiffel fica na Île aux Cygnes, área onde o fotógrafo brasileiro Flávio de Castro Sousa, de 36 anos, teria caído no rio em novembro de 2024. Seu desaparecimento gerou comoção no Brasil. O corpo foi localizado um mês e meio depois, em outro ponto do Sena.
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