Europa busca acordo-relâmpago com Trump para evitar tarifa de 50% sobre exportações
Bloco pressiona por concessões nos EUA antes de 9 de julho, enquanto Trump exige mais investimentos europeus em solo americano
247 - Reportagem da Bloomberg revela que fabricantes de automóveis europeus e líderes de governos da União Europeia estão em tratativas com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para tentar fechar um acordo comercial emergencial antes do dia 9 de julho. Caso não haja entendimento até essa data, quase todas as exportações europeias para os EUA sofrerão uma elevação tarifária drástica, passando para 50%.
Segundo fontes com conhecimento direto das negociações, que pediram anonimato, diplomatas e autoridades foram informados na sexta-feira (4) sobre avanços técnicos rumo a um entendimento preliminar, após uma nova rodada de negociações realizada em Washington durante a semana. O porta-voz da Comissão Europeia, Olof Gill, confirmou que “houve progresso em direção a um Acordo de Princípios durante a última rodada de negociações” e que “a Comissão retomará o diálogo com os EUA neste fim de semana”.
As tratativas são cercadas de tensão. Trump já impôs tarifas agressivas a quase todos os parceiros comerciais dos EUA, alegando a necessidade de reverter a desindustrialização, cobrir o custo da renovação de cortes de impostos e impedir que outras nações “se aproveitem dos Estados Unidos”.
UE busca mitigar impacto das tarifas e preservar setores estratégicos
Para tentar conter os danos econômicos e políticos, a União Europeia discute a possibilidade de aceitar uma tarifa universal de 10% sobre diversas exportações ao mercado americano — mas condiciona o acordo à redução de alíquotas em setores-chave como indústria farmacêutica, bebidas alcoólicas, semicondutores e aviação civil.
Paralelamente, os europeus reivindicam isenções e cotas que suavizem a tarifa de 25% imposta por Washington a automóveis e autopeças, além dos 50% sobre aço e alumínio. No entanto, fontes ouvidas pela reportagem indicam que não há consenso entre os países-membros sobre o grau de assimetria que cada um estaria disposto a aceitar em um eventual pacto.
A Alemanha, por exemplo, tem defendido uma regra de compensação que beneficiaria fabricantes europeus com produção nos EUA. O chanceler Friedrich Merz manifestou apoio à medida, embora a Comissão Europeia ainda não tenha endossado formalmente essa proposta, temendo a perda de investimentos no território europeu.
Resposta europeia inclui medidas retaliatórias e pressão por segurança econômica
A Comissão Europeia já aprovou a aplicação de tarifas de €21 bilhões em produtos norte-americanos como retaliação às tarifas sobre metais impostas por Trump. Essa lista inclui produtos agrícolas e industriais oriundos de estados estratégicos, como a Louisiana — base eleitoral do presidente da Câmara dos EUA, Mike Johnson.
Além disso, um pacote adicional de sanções foi preparado, com mais €95 bilhões em tarifas contra itens como aeronaves da Boeing, veículos americanos e bourbon. Bruxelas também consulta seus membros para mapear setores nos quais os EUA dependem da Europa, estudando eventuais restrições comerciais mais severas, como controles de exportação e limites em contratos públicos.
Em paralelo, as conversas com os EUA também abordam temas como padrões agrícolas, barreiras não tarifárias, comércio digital e segurança econômica. Nesse campo, as duas potências discutem mecanismos conjuntos para controlar investimentos estrangeiros e estabelecer normas de compras governamentais.
Von der Leyen: “Estamos prontos para agir se não houver acordo”
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, adotou um tom firme diante da incerteza: “Queremos uma solução negociada, mas vocês sabem que ao mesmo tempo estamos nos preparando para a possibilidade de que nenhum acordo satisfatório seja alcançado. Defenderemos os interesses europeus conforme necessário — ou seja, todos os instrumentos estão sobre a mesa”.
Os cenários possíveis para a próxima semana incluem a formalização de um acordo de princípios com a manutenção da trégua atual; a retomada de tarifas suspensas caso não haja pacto; ou a imposição unilateral de novas sanções pelos EUA, caso Trump entenda que a UE não cumpriu suas exigências.
Conforme apurou a Bloomberg, qualquer acordo inicial tende a ser curto, não vinculante legalmente, e funcionar como etapa preliminar para negociações mais amplas após o prazo fatal de 9 de julho.
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