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Índia endurece tom com os EUA, mas ainda busca acordo comercial antes de novas tarifas

País asiático ameaça retaliação a sobretaxas dos EUA sobre automóveis, enquanto negociações correm contra o tempo até 9 de julho

Guindastes no Porto de Los Angeles estão vazios de navios de carga, como mostrado por um drone em San Pedro, Califórnia, EUA, em 13 de maio de 2025 (Foto: REUTERS/Mike Blake)
Luis Mauro Filho avatar
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247 - A Índia elevou o tom nas negociações comerciais com os Estados Unidos, ameaçando impor tarifas retaliatórias sobre produtos americanos, mas mantendo a esperança de selar um acordo provisório antes do início das novas sobretaxas de Washington, previstas para entrarem em vigor em 9 de julho.

O ministro do Comércio da Índia, Piyush Goyal, declarou nesta sexta-feira (4), em Nova Délhi, que os tratados de livre comércio só são possíveis “quando há ganho para ambas as nações”. Ele ressaltou que o país negocia segundo seus próprios interesses e que não será pressionado por prazos. “A Índia negocia nos seus termos”, afirmou, reiterando que o governo não se deixará influenciar por “deadlines”.

A escalada nas tensões ocorre após o anúncio dos Estados Unidos de tarifas mais altas sobre veículos, caminhonetes leves e componentes automotivos importados, afetando diretamente exportações indianas. A medida, segundo Washington, tem caráter de “salvaguarda” para proteger a indústria nacional, mas é considerada injusta por Nova Délhi, que formalizou queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC) no mês passado.

De acordo com comunicado enviado pela Índia à OMC, as tarifas norte-americanas afetarão US$ 2,9 bilhões em exportações anuais indianas, gerando uma cobrança adicional de US$ 723,75 milhões. Como resposta, o país asiático propõe suspender concessões comerciais equivalentes, aplicando tarifas sobre produtos originários dos EUA em volume proporcional.

Embora tenha sinalizado anteriormente a possibilidade de retaliação, a Índia não chegou a implementá-la. Desta vez, no entanto, a ameaça é encarada como parte de uma estratégia mais firme de negociação, pressionando por concessões em setores estratégicos e equilíbrio tarifário no pacto.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já anunciou que notificará os parceiros comerciais sobre a aplicação das novas tarifas a partir de 1º de agosto, caso não haja avanço até lá. A posição da Índia é de que não assinará um acordo que não contemple simultaneamente o acesso ampliado ao mercado americano e a revisão das tarifas sobre suas exportações.

O impasse se dá ainda sob o pano de fundo de declarações recentes do presidente Trump, que atribuiu às negociações comerciais parte do êxito no cessar-fogo entre Índia e Paquistão – uma alegação rejeitada por Nova Délhi.

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