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"Trump segue ordens de Israel", diz Jeffrey Sachs

Em entrevista a Andrew Napolitano, economista acusa o presidente dos Estados Unidos de agir sob comando de Netanyahu

(Foto: .REUTERS/Max Rossi)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Em entrevista contundente ao programa Judging Freedom, conduzido pelo juiz e comentarista Andrew Napolitano e publicada no YouTube no dia 23 de junho de 2025 (assista aqui), o economista norte-americano Jeffrey Sachs fez duras críticas à política externa dos Estados Unidos e ao presidente Donald Trump. Segundo ele, a recente decisão de bombardear instalações nucleares iranianas — legalmente inspecionadas e aprovadas — foi tomada unicamente para atender às exigências do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

“Foi Netanyahu quem mandou. O presidente seguiu suas ordens. Isso agora é inequívoco”, afirmou Sachs. Para ele, a subordinação dos Estados Unidos a interesses israelenses se tornou evidente e perigosa. “Não estava nos interesses dos EUA. Estávamos em vias de iniciar a sexta rodada de negociações com o Irã. Mas Israel disse ‘faça do nosso jeito’, e o presidente respondeu ‘sim, senhor’.”

Inteligência ignorada, guerra incentivada

Sachs citou o depoimento da diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, ao Congresso, no qual ela declarou, com base no consenso de cinco das dezesseis agências de inteligência norte-americanas, que o Irã não possui nem está desenvolvendo armas nucleares desde 2002. Ainda assim, segundo Sachs, Trump ignorou a análise técnica e seguiu outra fonte: “De onde veio esse ‘contrário’? De Netanyahu e do Mossad.”

Para o economista, o papel de um presidente dos Estados Unidos deveria ser o de conter o impulso bélico da máquina de guerra americana. “Você tira o pé do freio e o país vai para a guerra”, disse. “Trump tirou o pé do freio porque Netanyahu mandou.”

A ONU silenciada pelo veto americano

A entrevista também abordou a impotência da ONU diante da aliança entre Estados Unidos e Israel. Sachs explicou que, embora a Assembleia Geral reflita a opinião da maioria dos países do mundo — frequentemente condenando as ações israelenses e exigindo a criação do Estado palestino —, os EUA vetam sistematicamente qualquer resolução relevante no Conselho de Segurança.

“O que a ONU mostra é o peso da opinião pública mundial. Mas o veto dos EUA impede qualquer avanço”, afirmou Sachs. “Israel reage com impunidade, e os Estados Unidos garantem essa impunidade.”

De “limpeza” ao caos: sete países devastados

Sachs fez referência ao memorando revelado pelo general Wesley Clark após os atentados de 11 de setembro de 2001, no qual constava um plano para “eliminar” sete países em cinco anos: Iraque, Síria, Líbano, Líbia, Somália, Sudão e Irã. Para o economista, esse plano foi elaborado com apoio de Netanyahu e seus aliados neoconservadores nos EUA, e vem sendo implementado com resultados desastrosos.

“Netanyahu já reduziu seis países a escombros. Agora quer o sétimo. Trump apenas se alinhou”, criticou. Ele também mencionou o documento “Clean Break”, de 1996, como origem dessa estratégia de promover mudanças de regime pela força, desestabilizando o Oriente Médio.

O risco real: guerra nuclear

Apesar de os Estados Unidos serem, segundo Sachs, o país mais seguro do mundo em termos geopolíticos, a atual política externa estaria empurrando o planeta para um risco concreto de guerra nuclear. “Não seremos invadidos pela China nem pela Rússia. Mas se houver guerra nuclear, acabou”, advertiu.

Sachs defendeu a retomada dos acordos de não proliferação, lembrando que o Irã firmou, em 2015, um acordo com os Estados Unidos e outras potências para suspender seu programa nuclear em troca do fim das sanções. Esse pacto, porém, foi abandonado por Trump sob pressão do lobby pró-Israel: “Eles disseram: ‘esqueça o tratado, vamos apenas bombardear’.”

Estados Unidos como Estado pária

Ao final da entrevista, Sachs reforçou que os Estados Unidos se tornaram o país menos comprometido com a Carta da ONU, segundo estudos que conduz com outros pesquisadores. “Israel vem logo depois. Isso significa que os EUA não participam de tratados, votam contra o resto do mundo e desrespeitam o direito internacional.”

A crítica se estendeu à ausência dos EUA em conferências internacionais, como a que será realizada na Espanha para discutir financiamento ao desenvolvimento em países pobres. “Todos vão, menos os EUA. A postura americana é: não queremos ser bons, queremos que todos tenham medo.”

A entrevista completa está disponível neste link. Assista:

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