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“Tarcísio é o grande risco que o Brasil enfrenta", diz Eduardo Guimarães

Jornalista afirma que governador paulista é o novo nome da elite e representa ameaça mais perigosa que Bolsonaro à democracia

Tarcísio de Freitas (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Durante sua participação no programa Bom Dia 247, o jornalista Eduardo Guimarães, editor do Blog da Cidadania, fez uma contundente análise sobre a manifestação bolsonarista realizada na Avenida Paulista no domingo. Presente no local, ele descreveu o ato como “um velório político” de Jair Bolsonaro e alertou para o surgimento de uma nova ameaça no campo da direita: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. “O Tarcísio é o grande risco que o Brasil enfrenta”, afirmou.

A manifestação, marcada por baixa adesão, reuniu cerca de 12 mil pessoas, de acordo com o monitor de mobilizações da Universidade de São Paulo (USP). Para Guimarães, a queda de público em relação a eventos anteriores escancarou o esvaziamento do bolsonarismo. Disfarçado com boné e óculos escuros, o jornalista circulou pela Avenida Paulista sem ser identificado. “Dessa vez consegui chegar perto do trio. O clima ali em cima era de constrangimento, de decepção. O Bolsonaro estava com cara de enterro. Essa manifestação selou a morte política dele”, afirmou. Ele relatou ainda que o público presente era formado, majoritariamente, por pessoas idosas: “Não vi ninguém com menos de 50 anos. Era um mar de cabelos brancos, muita gente com banquinhos para sentar. Só os muito fanáticos ainda comparecem”.

Eduardo também destacou a coragem de setores progressistas que marcaram presença no local, em especial jovens e casais homoafetivos vestindo vermelho e andando de mãos dadas entre os bolsonaristas. “Foi bonito ver essa juventude enfrentando os zumbis do bolsonarismo”, disse, ironizando o apelido de “Zumbilândia” dado à manifestação. Segundo ele, o declínio da força de Bolsonaro é resultado de seu próprio histórico de erros. “Desde que foi eleito, Bolsonaro errou em tudo: pandemia, campanha, enfrentamento ao STF, distribuição de dinheiro público. Tudo deu errado”, apontou.

Para Guimarães, no entanto, o esvaziamento de Bolsonaro abre espaço para um movimento ainda mais perigoso. “O Tarcísio é um Bolsonaro com cérebro. Ele tem aparência moderada, mas representa um risco enorme. O que ele está fazendo na segurança pública em São Paulo é criminoso”, alertou. O jornalista acredita que há um movimento articulado entre setores da elite econômica, da mídia e do centrão para substituir Bolsonaro por Tarcísio como o novo nome da direita em 2026. “Ele é o candidato da Faria Lima, dos banqueiros, do agro. E parte do bolsonarismo já está com ele”, afirmou.

Durante o ato na Paulista, Tarcísio evitou criticar o Supremo Tribunal Federal e o ministro Alexandre de Moraes — postura que desagradou à ala mais radical do bolsonarismo, mas foi interpretada por Guimarães como um movimento estratégico. “Ele quer se descolar da imagem de radical. Está fazendo sinal para o sistema, dizendo: ‘comigo vocês podem contar’. Essa é a direita que o sistema quer”, avaliou. O jornalista ainda lembrou reportagem de O Globo que revelou incômodo dentro do STF com declarações anteriores de Tarcísio, nas quais ele sugeriu que bolsonaristas foram vítimas de abusos. “O alerta já está aceso. Moraes e Flávio Dino sabem o que representa essa figura”.

Ao traçar cenários para 2026, Guimarães foi categórico: “Se em 2022 a violência política foi alta, em 2026 vai triplicar. Será uma eleição brutal, e o adversário será Tarcísio, não o Bolsonaro. Só que Lula vai chegar vitaminado, com resultados econômicos, distribuição de renda, queda da pobreza. A esquerda precisa entender que a ameaça real está se formando e agir com unidade desde já”.

Para o jornalista, a esquerda crítica ao governo Lula tem papel importante nesse momento, mas precisa reconhecer a gravidade do embate político em curso. “Tem setores que criticam o governo, mas na hora do voto vão com Lula. Isso é legítimo, mas é preciso responsabilidade. Estamos diante de um projeto autoritário mais sofisticado, que está sendo preparado agora”, concluiu. Assista:

 

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