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Paulo Kliass: “Trump ataca o Brasil porque teme o BRICS e o fim da hegemonia dos EUA”

Para o economista, “Trump não aceita um mundo multipolar. Sua ofensiva contra o BRICS visa impedir a desdolarização e manter o domínio dos EUA"

Paulo Kliass (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247)
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247 - Em entrevista ao programa Brasil Agora, da TV 247, o economista Paulo Kliass apontou os ataques dos presidente dos EUA, Donald Trump, ao Brasil como parte de uma estratégia mais ampla de contenção à emergência de um novo eixo geopolítico liderado pelos países do BRICS. “Trump está em guerra contra qualquer tentativa de enfraquecer o domínio do dólar no comércio internacional. E o Brasil, ao lado da China, Rússia, África do Sul e Índia, está no centro dessa disputa”, afirmou.

Trump declarou que o Brasil “não tem sido bom com os Estados Unidos” e impos novas tarifas comerciais e publicamente endossou a narrativa de que Jair Bolsonaro sofre “perseguição política”. Para Kliass, trata-se de uma inaceitável violação da soberania brasileira: “Trump cruzou todas as linhas da diplomacia. Não cabe a ele intervir em processos judiciais internos de outro país. Isso é um gesto de arrogância imperial”.

O economista também destacou que o Brasil mantém superávit comercial com a China, mas apresenta déficit histórico com os EUA, importando muito mais do que exporta. “Trump fala grosso com o Brasil mesmo tendo uma balança comercial que favorece os Estados Unidos. É pura chantagem política para tentar isolar o Brasil no cenário internacional, especialmente por seu protagonismo crescente nos BRICS e na defesa do multilateralismo.”

Para Kliass, os ataques de Trump se somam à “cruzada neoliberal” interna, representada por setores do Congresso Nacional e pela atual diretoria do Banco Central. 

“Estamos vivendo um paradoxo: enquanto o Brasil volta a ser respeitado no exterior, aqui dentro a política econômica ainda está refém do financismo. O governo precisa romper com essa lógica de juros altos e submissão ao mercado.”

Kliass voltou a defender a taxação dos super-ricos como caminho para garantir justiça fiscal e reverter décadas de desigualdade. Ele criticou a isenção de lucros e dividendos, a estrutura regressiva do sistema tributário brasileiro e o recuo do governo sobre a cobrança de IOF sobre investimentos no exterior. “Enquanto a base da pirâmide paga imposto até no quilo do arroz, bilionários seguem blindados. Isso é inaceitável. O sistema está desenhado para proteger o topo — e é isso que precisamos mudar.”

O economista ainda deixou um alerta: “O Brasil não pode vacilar. Está em curso uma ofensiva contra nosso projeto de soberania. Seja com ameaças tarifárias vindas de Washington, seja com sabotagens internas ao modelo de desenvolvimento. Defender o Brasil é também defender o BRICS, a democracia e o combate à desigualdade.”

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