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Alfredo Attié: Brasil é alvo da extrema-direita global por liderar projeto democrático e soberano

Jurista afirma que ofensiva contra o país busca minar sua soberania e impedir o avanço de uma agenda internacional baseada no multilateralismo

Lula usa o boné "O Brasil é dos brasileiros" (Foto: RICARDO STUCKERT)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o jurista Alfredo Attié afirmou que o Brasil se tornou um dos principais alvos da extrema-direita internacional por desempenhar um papel central na defesa da democracia, da soberania nacional e do multilateralismo. Segundo ele, o país representa um obstáculo estratégico aos interesses de uma oligarquia global que busca enfraquecer instituições e destruir a ordem jurídica internacional construída após a Segunda Guerra Mundial.

“O Brasil é justamente o foco, o alvo dos ataques da extrema direita”, disse Attié, ao comentar o cenário geopolítico e os elogios do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Para o jurista, as manifestações públicas de apoio ao bolsonarismo por parte de líderes da extrema-direita internacional, como Trump, não têm relação com afinidades ideológicas profundas, mas sim com a subserviência aos interesses externos demonstrada por Bolsonaro durante seu governo. “O Bolsonaro foi, na verdade, uma espécie de feitor, aquele que faz o serviço pros outros”, afirmou.

Attié explicou que a disputa em curso no mundo hoje é entre dois projetos distintos de organização internacional: de um lado, o projeto multilateral baseado na soberania dos Estados, nos tratados internacionais e na atuação de instituições como a ONU; de outro, o avanço de uma extrema-direita que rejeita qualquer tipo de ordem jurídica compartilhada e busca impor, de forma unilateral, os interesses das grandes potências, especialmente dos Estados Unidos. “Eles não respeitam lei alguma, isso é evidente. Isso tanto dentro dos países como no direito internacional”, destacou.

O jurista também apontou que os ataques contra o Brasil ocorrem tanto de forma direta — como nas falas de Trump — quanto por vias mais sutis, como a deslegitimação das instituições e a desinformação na imprensa internacional. Ele citou como exemplo um artigo recente da revista The Economist, que classificou como “um artigo errado do ponto de vista científico, errado do ponto de vista econômico” e que, segundo ele, teria sido “encomendado” para desacreditar o papel internacional do Brasil.

“O objetivo é justamente minar as instituições. É isso que está em questão. Eles não reconhecem as instituições brasileiras”, afirmou. Attié observa que esse padrão se repete em ataques ao Supremo Tribunal Federal, à Presidência da República e a outros pilares do Estado de Direito brasileiro, que são tratados “sem qualquer tipo de ética, sem qualquer tipo de fundamento”.

De acordo com o jurista, o protagonismo do Brasil no cenário internacional é resultado de um processo de afirmação diplomática que se consolidou especialmente durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele destacou que o país se tornou uma das principais vozes em favor do multilateralismo, da paz e da cooperação internacional. “O Brasil tem um papel extremamente importante nas relações internacionais”, disse. “Dentro do Brics, o Brasil é a grande força democrática.”

Attié considera que os ataques ao Brasil têm ligação direta com sua riqueza natural e sua capacidade de articulação internacional. Ele relembrou que o golpe parlamentar contra Dilma Rousseff, em 2016, teve como pano de fundo o interesse no pré-sal, e que hoje outras áreas estratégicas estão no centro do conflito. “Eles querem a todo custo impedir que o Brasil utilize as suas riquezas naturais, a sua capacidade de negociação internacional para se desenvolver”, declarou.

Ao final da entrevista, Attié reforçou que o projeto democrático brasileiro, iniciado com a Constituição de 1988, é o principal obstáculo para o avanço da agenda da extrema-direita global. Por isso, afirmou, o país se tornou um alvo prioritário desse movimento internacional. “Eles querem destruir o ciclo democrático brasileiro iniciado em 1988.” Assista: 

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