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"O modelo da austeridade não deu certo em nenhum lugar do mundo", diz Lula no fórum do NDB

Em discurso na abertura do encontro anual do Novo Banco de Desenvolvimento, Lula disse que a instituição pode criar um novo modelo de financiamento global

Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Guilherme Levorato avatar
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247 - Durante a abertura do encontro anual do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas ao modelo de austeridade imposto por instituições financeiras internacionais e defendeu a construção de uma nova arquitetura de financiamento global. O discurso, marcado por firmeza e apelos à equidade, reforçou o papel do banco dos BRICS como alternativa concreta às estruturas tradicionais.

Segundo Lula, o atual sistema, fundado nos acordos de Bretton Woods após a Segunda Guerra Mundial, não responde mais às realidades do século XXI. "É preciso que a gente reeduque as instituições de Bretton Woods. Não é possível continuar, com todas as mudanças geopolíticas e climáticas, tratando o financiamento do mesmo jeito", afirmou.

Dívida impagável e falta de perspectiva para o Sul Global - O presidente criticou o peso das dívidas sobre os países mais pobres, citando o continente africano como exemplo. "Não é possível que o continente africano deva US$ 900 bilhões e que o pagamento de juros seja muito maior do que qualquer dinheiro que eles têm para fazer investimento", disse.

Ele alertou que, sem uma transformação no sistema de crédito internacional, os países em desenvolvimento permanecerão aprisionados na pobreza. "Ou discutiremos uma nova forma de financiamento para ajudar os países em vias de desenvolvimento e os países mais pobres, ou esses países vão continuar pobres."

Lula mencionou ainda o caso do Haiti, que, segundo ele, ilustra o colapso de um Estado abandonado à própria sorte. "Não é possível que um país como o Haiti continue sendo um país semidestruído, em que você não pode nem eleger um presidente porque as gangues tomaram conta do país", afirmou.

Crítica ao dogma da austeridade - Sem meias palavras, Lula responsabilizou as exigências de austeridade fiscal pelas crises sociais em diversas partes do mundo. "O modelo da austeridade não deu certo em nenhum país do mundo", declarou. Para ele, as condicionalidades impostas por instituições financeiras internacionais aprofundam desigualdades. "Toda vez que se fala em austeridade, o pobre fica mais pobre e o rico fica mais rico."

O presidente reconheceu que o tema poderia parecer deslocado em um fórum voltado ao desenvolvimento, mas argumentou que era preciso falar diretamente aos que têm poder de decisão. "Eu sei que esse assunto não era para discutir aqui. Mas se eu não discutir com as pessoas com o dinheiro do mundo, eu vou discutir com quem? Com quem não tem dinheiro?"

Papel do NDB na mudança estrutural - Em sua fala, Lula destacou que o NDB — criado pelos países do BRICS como alternativa aos organismos tradicionais — tem potencial para liderar essa transformação. "Acho que vocês podem e devem mostrar ao mundo que é possível criar um novo modelo de financiamento, sem condicionalidades", disse.

Para ele, o NDB deve consolidar um novo paradigma, centrado em justiça, desenvolvimento sustentável e respeito à soberania das nações. A crítica às práticas tradicionais se somou a um apelo por coragem e criatividade: "Está dado o recado", concluiu.

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