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"Isso não é bom para ninguém", diz Jorge Viana, da ApexBrasil, sobre ameaça de Trump ao BRICS

Presidente da ApexBrasil destaca defesa do multilateralismo e alerta que medidas de Trump afetam o comércio global

Jorge Viana (Foto: ApexBrasil/Divulgação)
Guilherme Levorato avatar
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247 - O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, criticou a ameaça feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa adicional de 10% a países que se alinhem ao BRICS. Em entrevista à TV 247, Viana afirmou que a postura de Trump repete uma lógica protecionista já conhecida desde seu primeiro mandato e que não favorece nenhuma nação. “Desde quando começou o governo Trump, que trouxe mudanças nas tarifas, criando um cenário novo no comércio exterior americano, tenho dito que isso não é bom para ninguém. É ruim para o mundo inteiro. Acho que ninguém tira vantagem de uma situação dessa”, declarou.

A fala de Trump foi publicada na rede Truth Social neste domingo (6), poucas horas depois da abertura da cúpula do BRICS no Rio de Janeiro. No encontro, os líderes do grupo — que reúne Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e países recentemente incorporados — defenderam o multilateralismo e condenaram o aumento de tarifas como ameaça ao comércio internacional. A mensagem de Trump provocou reação diplomática e críticas de analistas pelo mundo.

“O Brasil não tem conflito com ninguém” - Para Viana, o BRICS deve ser compreendido como uma articulação voltada à cooperação, e não como um bloco ideológico ou geopolítico. “É uma junção de países que têm boas relações e querem ampliar, em todos os aspectos”, explicou.

Ele também destacou o peso econômico do grupo, ressaltando que “estamos falando de 25% do PIB mundial, do BRICS original, dos fundadores”, e pregou cautela diante do anúncio feito por Trump. “Temos que aguardar um pouco. Agora é cautela. O Brasil não tem conflito com ninguém e defende o multilateralismo.”

Cadeias produtivas interdependentes - Ao comentar o impacto prático de uma tarifa de 10% sobre países que se aproximem do BRICS, Jorge Viana lembrou que a economia global opera hoje em cadeias produtivas altamente interdependentes. Segundo ele, a própria indústria norte-americana depende de processos integrados com outros países, o que torna difícil a adoção de medidas protecionistas sem efeitos colaterais internos.

“Essas medidas são muito difíceis de serem implementadas dentro dos próprios Estados Unidos, porque quebram uma cadeia de comércio que já acontece. Tem produtos que passam oito vezes na fronteira entre México e Estados Unidos: vem como matéria-prima - tipo ferro - volta como aço, volta como peça, daqui a pouco vai como carro… O mundo está interdependente. Dificilmente alguém, sozinho, vai dar conta de seguir crescendo”, afirmou.

Defesa do livre comércio - Embora tenha evitado assumir um posicionamento político direto, Viana reiterou que a agência atua com base nos interesses econômicos do país. “Trabalhamos com tudo que o Brasil vende no mundo e com atração de investimentos”, pontuou.

Ele ainda destacou o papel do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como defensor da integração entre países e da abertura de mercados. “O presidente Lula tem trabalhado pelo livre comércio, pela formação de blocos, tipo Mercosul e União Europeia”.

Por fim, expressou esperança em uma redução das tensões provocadas pela retórica de Trump. “Espero que este tensionamento diminua”, concluiu.

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