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Ajuste tributário visa cobrar "um pouco" dos super-ricos para "não cortar dinheiro da educação ou da saúde", diz Lula

Presidente critica Congresso por barrar decreto sobre IOF, reforça valorização do salário mínimo e defende país com padrão de classe média

Luiz Inácio Lula da Silva - 02/07/2025 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Guilherme Levorato avatar
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247 - Durante entrevista concedida à TV Bahia nesta quarta-feira (2), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou o compromisso de seu governo com a construção de um sistema tributário mais justo no Brasil. A declaração foi feita no contexto do embate entre o Executivo e o Congresso Nacional sobre um decreto presidencial que modificava a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), medida suspensa pelo parlamento e agora levada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Advocacia-Geral da União.

Segundo Lula, a proposta não previa aumento de impostos, mas buscava ajustar a tributação para que setores mais ricos da sociedade pagassem uma parcela maior, aliviando a carga sobre os trabalhadores. “O governo brasileiro tem o direito de propor o IOF, sim, e não estamos propondo aumento de imposto. Estamos fazendo um ajuste tributário para que os mais ricos paguem um pouco, para que a gente não precise cortar dinheiro da educação ou da saúde. Houve pressão das Bets, houve uma pressão das Fintechs, e o dado concreto é que o interesse de poucos prevaleceu”, afirmou.

Lula aproveitou a entrevista para reforçar sua oposição a qualquer ajuste fiscal que penalize os mais pobres. Segundo ele, os programas sociais, os investimentos em saúde e educação e a política de valorização do salário mínimo devem ser preservados. “Eles querem que eu corte benefício? Que não dê aumento do salário mínimo. Não. Nós precisamos trabalhar para levar o país a ser um país de padrão de classe média”, disse.

O presidente ainda demonstrou disposição para retomar o diálogo com os presidentes da Câmara e do Senado após seu retorno das agendas internacionais da semana — a Cúpula do Mercosul, em Buenos Aires, e a Cúpula do BRICS, no Rio de Janeiro. Apesar disso, ele foi categórico ao defender o papel do Executivo. “Eu sou um cara agradecido ao Congresso. Não sou um cara que tem rivalidade. O Congresso aprovou muitas coisas que a gente queria. Mas se eu não entrar com recurso no Poder Judiciário, se não for à Suprema Corte, eu não governo mais o país. O Congresso legisla e eu governo”, pontuou.

Isenções fiscais - Lula também criticou os privilégios concedidos por meio de isenções fiscais e defendeu uma revisão ampla desses benefícios. “Você sabe qual foi a proposta que fiz? É que a gente poderia cortar 10% linear de todos os benefícios fiscais. Você sabe quanto tem de isenção e de desoneração nesse país? São R$ 860 bilhões. Temos que cortar em quem tem gordura, fazer uma bariátrica em quem tem gordura. Ele vai continuar rico, vai continuar com benefícios”, afirmou o presidente, reiterando que o ajuste precisa recair sobre os setores que podem contribuir mais.

Para esse fim, o governo já enviou ao Congresso projetos como a revisão do Imposto de Renda — que prevê isenção total para quem ganha até R$ 5 mil — e impulsionou a reforma tributária aprovada em 2024, que estabelece o fim da cobrança de impostos sobre produtos da cesta básica a partir de 2027.

Lula destaca indicadores econômicos e compara governos de inclusão social - Em tom otimista, Lula celebrou os resultados econômicos alcançados em 2025. O presidente citou a geração de mais de um milhão de empregos formais nos primeiros cinco meses do ano, o crescimento do PIB acima de 3% e o câmbio em queda como sinais de estabilidade. “Eu digo sempre que esse país teve dois momentos históricos de inclusão social. Teve o Getúlio Vargas, que fez a consolidação da lei do trabalho, que tirou o trabalhador da febre e escravidão e deu jornada de trabalho. E no nosso governo”, concluiu.

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