Brasil pode liderar transição energética global com soluções inovadoras, diz Roberto Giannetti da Fonseca
Empresário defende protagonismo brasileiro na COP 30 e destaca papel dos BRICS diante do negacionismo climático
247 – Durante o evento “A transição energética e a sustentabilidade do futuro”, realizado no dia 9 de julho no Rio de Janeiro, o empresário e economista Roberto Giannetti da Fonseca fez um contundente discurso em defesa do protagonismo do Brasil na agenda ambiental global. O seminário foi promovido pelo BNDES com apoio do Brasil 247 e do portal chinês Guancha.
Ao iniciar sua fala, Giannetti agradeceu aos organizadores e relembrou sua trajetória com colegas da Faculdade de Economia da USP, destacando sua sintonia com os demais participantes: “Às vezes não estamos no mesmo time, mas pensamos muito parecido”. Ele elogiou a qualidade do debate e ressaltou a relevância do tema: “É gratificante participar desse debate. O conteúdo está fantástico”.
BRICS contra o negacionismo climático
Em tom crítico, Giannetti chamou atenção para a divisão global entre países comprometidos com a sustentabilidade e aqueles que seguem posturas negacionistas, mencionando diretamente o presidente dos Estados Unidos: “De um lado, dos cinco países que têm território, população e PIB, temos o negacionista — sabemos quem é — e do outro, quatro países do BRICS que têm adotado uma alternativa. Nós precisamos nos contrapor ao negacionismo”.
O empresário celebrou a declaração recente do grupo BRICS sobre clima, dizendo que ela reflete “autonomia e independência de pensamento”. Ele defendeu que o Brasil e seus parceiros devem apresentar soluções para um mundo mais sustentável: “A questão climática é transversal, interessa a toda a humanidade. Nós temos que nos contrapor a quem nega esse pensamento fundamental para a existência da humanidade”.
O Brasil como potência energética
Giannetti argumentou que o Brasil já é uma potência ambiental e alimentar, mas precisa avançar como potência energética. Ele criticou a ineficiência da distribuição de energia solar e eólica devido à distância entre centros de geração e consumo, defendendo a aplicação do “sinal locacional” nas tarifas de energia. “As tarifas têm que estar relacionadas com a distância entre a geração e o centro de carga. Isso é racionalidade econômica”, explicou.
O empresário sugeriu ainda que empresas eletrointensivas, como data centers, se instalem próximo das áreas de geração no Nordeste, em vez de se concentrar no Sudeste, como ocorre atualmente. “A perda de até 15% da energia durante a transmissão é um desperdício invisível que precisa ser combatido”, alertou.
Usinas solares flutuantes: 11 Itaipus à disposição
Uma das propostas mais impactantes de Giannetti foi o uso de 10% da lâmina d’água dos reservatórios hídricos do país para instalar usinas solares flutuantes. Segundo ele, essa medida teria potencial de gerar energia equivalente a 11 usinas de Itaipu. “Seria a energia mais barata do mundo, com infraestrutura já pronta e economia de água por redução de evaporação em até 70%”, afirmou.
Essa combinação de energia solar e hidrelétrica — chamada de “hidrossolar” — traria ainda maior estabilidade à matriz energética, preservando os recursos hídricos e reduzindo custos operacionais.
Fertilizantes verdes e independência do agronegócio
Giannetti também defendeu o uso de energia limpa na produção de fertilizantes, que hoje são 80% importados. Ele destacou que os custos logísticos representam até 25% do preço do fertilizante, e propôs a instalação de plantas próximas aos centros de produção agrícola.
“Podemos usar hidrogênio verde, produzido a partir da eletrólise da água com energia solar flutuante. Isso tornaria o Brasil autossuficiente e reduziria o custo do agronegócio. Temos a melhor agricultura do mundo, mas ainda somos dependentes de fertilizantes caros e importados. Isso precisa mudar”, enfatizou.
Etanol como orgulho nacional
Ao abordar combustíveis, Giannetti comparou o etanol — que chamou de “orgulho brasileiro” — com o fertilizante, que classificou como “vergonha” pela dependência externa. Ele celebrou a liderança do Brasil e da Índia na adoção do etanol nos BRICS, mencionando o modelo E20 indiano e a capacidade brasileira de dobrar a produção em cinco a dez anos.
“O etanol tem a menor intensidade de carbono entre todos os combustíveis. São 16 g de CO₂ por megajoule, cinco vezes menos que o etanol de milho dos EUA e oito vezes menos que a gasolina”, pontuou. Giannetti ainda criticou a crença de que carros elétricos seriam solução universal, ao lembrar que “se a energia vem de fontes fósseis, não há redução real da pegada de carbono”.
Soluções brasileiras para a COP 30
Encerrando sua fala, o empresário reforçou a necessidade de o Brasil assumir um papel ativo na COP 30, que será sediada em Belém, no Pará. “Não podemos ser apenas anfitriões passivos. Temos soluções inovadoras para mostrar ao mundo. O Brasil pode ser referência em energia limpa, fertilizantes verdes, uso eficiente da água e combustíveis renováveis”, declarou, com entusiasmo.
Giannetti concluiu: “Vamos nos orgulhar de termos feito uma COP 30 histórica, mostrando que o mundo pode ser mais limpo, mais verde e ter um meio ambiente melhor”. Assista:
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