Xi Jinping decide enviar primeiro-ministro Li Qiang para a cúpula dos BRICS no Rio de Janeiro
Espera-se que a cúpula avance nas discussões sobre desdolarização, cooperação tecnológica e o ingresso de novos membros
247 – O presidente da China, Xi Jinping, não participará da cúpula do Brics marcada para os dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro. A informação foi divulgada nesta terça-feira (24) pela CNN Brasil, com base em relatos de fontes diplomáticas. Segundo a emissora, o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, esteve no Palácio do Planalto para comunicar oficialmente a provável ausência do chefe de Estado chinês.
No lugar de Xi, o primeiro-ministro Li Qiang liderará a delegação chinesa na cúpula. Caso a decisão seja confirmada nos próximos dias, será a primeira vez que Xi deixará de participar de uma cúpula do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Mesmo durante os períodos mais críticos da pandemia da Covid-19, o líder chinês esteve presente nos encontros, ainda que de forma virtual.
Em 2023, durante a reunião realizada em Joanesburgo, na África do Sul, Xi chegou a desembarcar no país e se reuniu com os demais líderes, mas se ausentou de última hora do discurso que faria na plenária principal.
A cúpula no Rio ganha especial relevância diante da crescente tensão no Oriente Médio e do atual contexto internacional, marcado por realinhamentos geopolíticos. A ausência de Xi se soma à do presidente da Rússia, Vladimir Putin, que também não virá ao Brasil. Putin evita viagens a países signatários do Estatuto de Roma — tratado que instituiu o Tribunal Penal Internacional (TPI) — após ter sido alvo de um mandado de prisão relacionado à guerra na Ucrânia.
Apesar da ausência anunciada, Xi Jinping e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm mantido diálogo frequente. Os dois líderes se encontraram pessoalmente duas vezes no último ano: em novembro de 2023, durante a cúpula do G20 realizada no Rio, e em maio deste ano, quando Lula visitou Pequim para participar da cúpula China-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos).
A decisão de Xi Jinping evidencia uma movimentação estratégica da diplomacia chinesa, que prioriza a contenção de crises regionais e o fortalecimento de canais multilaterais. Segundo a CNN Brasil, a justificativa oficial ainda não foi detalhada pelo governo chinês, mas fontes próximas à diplomacia brasileira indicam que a escalada de tensões no Oriente Médio — especialmente o conflito Israel x Irã — pode ter influenciado a decisão. Na última semana, Xi chegou a conversar por telefone com Vladimir Putin pedindo “ajuda para acalmar” a situação na região.
A mudança também altera a expectativa de interlocução direta entre os principais líderes do bloco. A presença de Li Qiang, embora significativa, não substitui o simbolismo da participação de Xi Jinping, especialmente num momento em que o Brics busca expandir sua influência global e reforçar a criação de instituições financeiras alternativas ao sistema dominado pelo Ocidente.
Com as ausências confirmadas de Xi e Putin, o encontro no Rio de Janeiro deverá ser liderado por Lula, que reforçará o papel do Brasil como anfitrião e articulador político do grupo. Espera-se que a cúpula avance nas discussões sobre desdolarização, cooperação tecnológica e o ingresso de novos membros — temas centrais da agenda do Brics para os próximos anos.
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