Lula cobra justiça climática no BRICS e anuncia fundo para recompensar conservação das florestas tropicais
Presidente brasileiro defende transição energética justa, critica o unilateralismo e propõe ação coordenada do Sul Global na COP 30 em Belém
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o protagonismo do Sul Global nas agendas ambientais e sanitárias e anunciou o lançamento do “Fundo Florestas Tropicais para Sempre”, previsto para a COP 30, que acontecerá em novembro deste ano, em Belém do Pará. , durante a terceira sessão da 17ª Cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro nesta segunda-feira (07).
Relembrando a conferência de 1992, também realizada na capital fluminense, Lula destacou que foi ali que as três convenções da ONU sobre meio ambiente “colocaram o desenvolvimento sustentável no centro dos debates globais”. O presidente enfatizou que, mesmo sem a responsabilidade histórica dos países desenvolvidos pela crise climática, os membros do BRICS têm feito sua parte: “Consagramos o princípio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas”.
Fundo climático e crítica ao modelo de mercado
Ao criticar a lentidão na transição energética e a continuidade de incentivos ao setor fóssil, Lula foi direto: “O aquecimento global está ocorrendo em um ritmo mais rápido do que o previsto”, alertou, citando ainda que “as florestas tropicais estão sendo levadas ao seu ponto sem retorno” e que “o oceano está febril”.
Nesse contexto, o presidente brasileiro apresentou o novo fundo ambiental do Brasil. “O Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que lançaremos na COP 30, recompensará os serviços ecossistêmicos prestados ao planeta”, declarou. A proposta visa garantir recursos permanentes para a conservação ambiental, reduzindo a dependência de doações pontuais e fortalecendo o papel dos países do Sul na defesa do clima.
Lula também denunciou o desequilíbrio do sistema financeiro internacional frente à emergência climática. “Em 2024, os 65 maiores bancos do mundo se comprometeram a conceder 869 bilhões de dólares ao setor de combustíveis fósseis”, afirmou. Para ele, “os incentivos fornecidos pelo mercado vão contra a sustentabilidade”.
Segundo o presidente, a transição deve ser justa, planejada e viabilizada por financiamento sólido: “Nosso desafio é alinhar as ações para não ultrapassar 1,5 grau de aumento na temperatura do planeta. Será necessário triplicar a energia renovável e dobrar a eficiência energética”.
Sul Global como motor da transformação
Lula defendeu a inserção qualificada dos países em desenvolvimento nas cadeias globais de valor e a quebra da dependência tecnológica. “Não seremos meros fornecedores de matérias-primas”, garantiu. Para isso, propôs a ampliação da cooperação tecnológica e científica no âmbito do BRICS e maior acesso às tecnologias limpas.
A Declaração-Quadro do BRICS sobre Financiamento Climático, também anunciada na cúpula, foi apontada por Lula como instrumento para atrair investimentos “produtivos, verdes e equitativos”, com base em critérios “justos e inclusivos” de contabilidade de carbono.
Saúde e combate à desigualdade
Ao abordar a saúde global, Lula defendeu o fortalecimento da OMS como instância legítima para enfrentar futuras pandemias e criticou o impacto do unilateralismo no setor. “Apesar de ser um direito humano, um bem público e um motor de desenvolvimento, a saúde global também é profundamente afetada pela pobreza e pelo unilateralismo”, alertou.
Lula apresentou ainda a “Parceria para a Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas”, com foco em infraestrutura física e digital e capacitação. Ele defendeu que o cumprimento do ODS 3, que trata da saúde e bem-estar, depende de políticas públicas abrangentes. “Não há direito à saúde sem investimento em saneamento básico, nutrição adequada, educação de qualidade, moradia digna, emprego e renda”.
A Rede de Pesquisa em Tuberculose e os acordos de cooperação regulatória com a OMS foram citados como exemplos do avanço do bloco. Lula concluiu afirmando que “cooperar e agir com solidariedade em vez de indiferença” e “colocar a dignidade humana no centro das nossas decisões” é o caminho que os BRICS devem seguir.
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