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"BRICS tem que reconhecer que o mundo está mais perigoso do que antes", diz Paulo Nogueira Batista Jr

Ex-diretor do FMI alerta que políticas protecionistas dos EUA e Europa fragilizam o comércio global e exigem resposta coordenada dos países emergentes

Paulo Nogueira Batista Jr (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | ABR)
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Por Guilherme Paladino, de Pequim, para o 247 - O economista brasileiro Paulo Nogueira Batista Jr., ex-diretor executivo no Fundo Monetário Internacional (FMI), criticou o que classificou como uma guinada protecionista dos países desenvolvidos, afirmando que o Ocidente, sobretudo os Estados Unidos, “se afastou da ordem econômica que ele mesmo construiu após a Segunda Guerra Mundial”.

“Quando o neoliberalismo os beneficiava, eles o defendiam. Agora, diante da ascensão da China e da perda de competitividade, passaram a adotar políticas protecionistas. O resultado é uma economia mundial fraturada e imprevisível,” disse.

Batista Jr. defendeu que o BRICS ampliado — o chamado BRICS+ — reconheça essa mudança de cenário e trabalhe em conjunto por relações econômicas mais equilibradas: “Temos que reconhecer, como BRICS, que o mundo está muito diferente e muito mais perigoso, tanto economicamente quanto politicamente, do que antes.”

O economista também destacou que a expansão dos BRICS tem lados positivos, mas também traz alguns prejuizos. Para ele, o grupo deveria se manter coeso para avançar em pautas estratégicas, evitando o dissenso.

As declarações foram feitas em um episódio do programa Global South Voices, da CGTN, que reuniu vozes do Brasil, África do Sul, Índia e Irã, às vésperas da 17ª Cúpula do BRICS no Rio de Janeiro.

Expansão do bloco e nova ambição

Os participantes do debate destacaram que a expansão do BRICS simboliza uma resposta à hegemonia ocidental. O jornalista sul-africano Faizal Dawjee afirmou que o crescimento do bloco é “a afirmação do direito do Sul Global de estabelecer seus próprios termos”. Já o economista indiano Muhammad Saqib ressaltou que 76% das demandas dos países em desenvolvimento poderiam ser atendidas dentro do próprio Sul, se houver maior coordenação.

O intelectual iraniano Mohammad Hussain Baqeri defendeu mais unidade diante das crises no Oriente Médio e na Ucrânia, reforçando que o BRICS tem papel decisivo ao promover estabilidade.

Novo Banco de Desenvolvimento como pilar estratégico

O grupo também elogiou o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), apontando-o como exemplo de uma instituição criada pelo BRICS para financiar infraestrutura e desenvolvimento sem impor condicionalidades políticas.

A Cúpula do Rio, que começa neste domingo (6), deve debater a desdolarização do comércio, o financiamento climático e a regulação da inteligência artificial. Para os participantes do programa, esses temas expressam uma ambição comum: construir um modelo econômico mais inclusivo e menos dependente das potências tradicionais.

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