PT pode lançar Haddad ao Senado para conter avanço bolsonarista

247 - Diante do avanço da extrema direita nas articulações para o Senado em 2026, integrantes do PT passaram a defender a candidatura do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), a uma das duas cadeiras que estarão em disputa por São Paulo, informa o Metrópoles.

A crescente preocupação com uma eventual hegemonia bolsonarista no Congresso, especialmente no Senado, tem mobilizado o núcleo político do partido e interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A estratégia é barrar a possibilidade de que os dois assentos por São Paulo sejam conquistados por nomes da base de Jair Bolsonaro (PL), como o secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite (PP) e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL).

Haddad é visto como um dos principais ativos eleitorais do PT no estado. Ex-prefeito da capital paulista e adversário de Tarcísio de Freitas (Republicanos) no segundo turno do governo estadual em 2022, o ministro mantém alto grau de reconhecimento entre o eleitorado. A aposta é que ele possa impedir uma composição 100% bolsonarista entre os senadores paulistas.

O temor de Lula tem fundamento: Bolsonaro deixou aliados organizando candidaturas estratégicas ao Senado em vários estados — incluindo familiares. A primeira-dama Michelle Bolsonaro é cotada no Distrito Federal, enquanto Carlos Bolsonaro pode disputar em Santa Catarina.

No último domingo (29), durante um ato com apoiadores na avenida Paulista, Bolsonaro chegou a dizer: “e me derem 50% da Câmara e 50% do Senado, eu mudo o destino do Brasil, nem preciso ser presidente”.

Opções em análise - O PT avalia duas principais estratégias. A primeira é uma chapa com Haddad ao governo paulista e o atual vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) disputando o Senado. Parte expressiva dos petistas considera essa fórmula a mais potente eleitoralmente, com potencial para garantir um palanque robusto para Lula em São Paulo no segundo turno presidencial e fortalecer candidaturas petistas à Câmara dos Deputados.

A outra opção seria lançar Haddad diretamente ao Senado e apoiar Márcio França (PSB), ministro do Empreendedorismo, como candidato ao Palácio dos Bandeirantes. No entanto, essa hipótese levanta dúvidas: embora Haddad seja visto como obstáculo sólido à eleição de dois senadores bolsonaristas, França é considerado um nome de menor apelo e poderia comprometer a construção de um palanque competitivo no segundo turno estadual.

Adversários definidos no campo bolsonarista - Enquanto o PT ainda debate suas alternativas, o campo bolsonarista tambem articula. Além de Derrite e Eduardo Bolsonaro, surgem como possibilidades o ex-ministro Ricardo Salles (Novo) e o deputado Marco Feliciano (PL).

O ambiente interno do PT também entra em ebulição neste fim de semana, com a realização do Processo de Eleição Direta (PED), que definirá a nova direção estadual e municipal da sigla. A partir desse processo, espera-se que as conversas sobre a composição eleitoral para 2026 ganhem força.

Apesar de enfrentar desgastes recentes em função de embates com o Congresso Nacional, principalmente em torno do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o apoio reiterado de Lula às propostas de Haddad é interpretado como um indicativo de que o ministro permanece prestigiado e com espaço para uma eventual candidatura majoritária.