Gleisi tenta reaproximação com PDT, que resiste a retornar à base aliada de Lula no Congresso

247 - Em mais uma tentativa de recompor a base de apoio do governo na Câmara dos Deputados, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), se reuniu nesta terça-feira (8) com os 17 deputados federais do PDT. O objetivo da reunião foi reabrir o diálogo com a legenda e buscar uma aproximação política após meses de distanciamento. As informações são do jornal O Globo.

A reunião, no entanto, foi marcada por frieza por parte da bancada, que voltou a criticar o tratamento recebido do governo. Apesar dos apelos por maior proximidade com o Palácio do Planalto, os deputados reforçaram que o partido continua insatisfeito, especialmente após a demissão de Carlos Lupi do Ministério da Previdência Social.

Lupi, que deixou o cargo em meio a denúncias de fraudes no INSS, foi substituído por Wolney Queiroz, também do PDT. No entanto, a bancada considera que a nomeação não representou uma compensação política à legenda. Parlamentares avaliam que Wolney assumiu o ministério por proximidade pessoal com o presidente Lula, e não como um nome indicado formalmente pelo partido.

A insatisfação do PDT com o governo não é recente. Antes mesmo da saída de Lupi, deputados já se queixavam da falta de espaço na Esplanada dos Ministérios, sobretudo em comparação com siglas do centrão, como PP e Republicanos, que ocupam pastas relevantes, mesmo com episódios de infidelidade em votações no Congresso.

Após a reunião, o líder do PDT na Câmara, deputado Mário Heringer (MG), reafirmou a posição do partido.  “Reiteramos o caráter de independência da bancada, naturalmente sem oposição. A oposição está muito longe do nosso campo ideológico”, afirmou.

Apesar de manter a postura de independência, os parlamentares avaliaram positivamente a disposição de Gleisi Hoffmann em ouvir as queixas e sinalizar abertura para buscar saídas para o impasse. Interlocutores do Planalto também reconheceram que o governo está disposto a construir uma nova relação com o partido.

Atualmente, o PDT tem adotado uma postura decisiva contra o governo em votações importantes. Na recente derrubada dos decretos presidenciais que aumentavam a alíquota do IOF, 16 dos 17 deputados do partido votaram contra o Planalto, enquanto um esteve ausente — episódio que representou uma derrota significativa para o governo, que decidiu judicializar a questão no Supremo Tribunal Federal (STF).