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Lula amplia ofensiva política e midiática após tarifa de Trump e mira Bolsonaro e Tarcísio

Secom quer aproximar governo de empresários e do agronegócio

Brasília (DF), 08/07/2025 - Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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247 - O anúncio do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros provocou uma reação imediata e estratégica do governo Lula (PT). De acordo com reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, o Palácio do Planalto decidiu transformar a retaliação em oportunidade política, reforçando o discurso de defesa da soberania nacional e associando a medida ao bolsonarismo e seus aliados.

A equipe de comunicação do governo vê a sobretaxa americana como combustível para o enfrentamento narrativo contra os “privilégios” e em defesa da justiça social. A ordem é ampliar a visibilidade do presidente, intensificar entrevistas e retomar o diálogo com empresários e representantes do agronegócio. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aparecem no centro da estratégia de responsabilização pela crise com os EUA.

“O povo brasileiro precisa ser respeitado”, diz a mensagem publicada no perfil oficial de Lula no X (antigo Twitter), acompanhada de um cartão com a bandeira do Brasil e a assinatura do presidente. O texto destaca o compromisso com a soberania e a proteção das empresas nacionais. Em vídeo oficial já divulgado, o governo reforça essa linha: “O Brasil é um país soberano [...] e ser contra nossa soberania é ser contra o Brasil”, afirma o narrador, em meio a imagens de florestas, plantações e cidadãos brasileiros.

A nova campanha de comunicação, conduzida pela Secretaria de Comunicação Social (Secom), aposta em uma narrativa centrada na independência nacional e na proteção dos mais pobres. O slogan previsto para agosto deverá ressaltar essa defesa, buscando expandir a ideia de que enfrentar desigualdades não se limita aos programas sociais, mas envolve toda a economia.

Segundo apuração da Folha, agências de publicidade com contratos com o governo foram convocadas na última quinta-feira (10) para discutir a nova abordagem. O ministro Sidônio Palmeira, responsável pela Secom, defende que Lula intensifique a presença na mídia. O presidente já concedeu entrevistas às emissoras Record e Globo na quinta-feira (11), nas quais criticou Bolsonaro por apoiar a tarifa de Trump, “afetando a soberania do Brasil”, e instou Trump a respeitar a Justiça brasileira.

Durante reunião no Palácio do Planalto, o chanceler Mauro Vieira chegou a sugerir que o Itamaraty conduzisse a resposta diplomática. No entanto, prevaleceu a posição de que, diante do teor político do ataque, caberia a Lula se posicionar publicamente. Foi cogitada até mesmo uma rede nacional de rádio e TV, ideia posteriormente descartada.

O governo quer também vincular a crise ao nome de Tarcísio de Freitas. O governador paulista, que já foi visto com boné com o slogan de Trump e replicou recentemente mensagens em defesa de Bolsonaro, procurou amenizar a tensão na sexta-feira (11), conversando com aliados, ministros do STF e com o chefe da Embaixada dos EUA no Brasil.

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), ex-governador de São Paulo, também foi escalado para ter papel de destaque nas conversas com empresários. A pedido de Lula, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que reúne representantes do setor produtivo e da sociedade civil, será convocado para avaliar os impactos da tarifa. A formação de um conselho paralelo com governadores também está em estudo.

Internamente, a retaliação americana é vista como um desafio, mas também como uma oportunidade de reposicionar o governo diante da opinião pública. Uma nova rodada de pesquisas, já encomendada pela Presidência, deverá medir o impacto da ofensiva de Trump na percepção dos brasileiros. Um levantamento de abril indicava que apenas 20% apoiavam o governo dos EUA na disputa com a China — dado que anima a estratégia da Secom.

Segundo ministros e assessores envolvidos, a retórica do “nós contra eles” voltou a ganhar força. A Secom tem orientado pastas a enviarem exemplos concretos de enfrentamento à desigualdade e divulgar ações como o ressarcimento a beneficiários do INSS que tiveram descontos indevidos. A leitura política no Planalto é de que o embate com Trump pode ser um marco de reafirmação da autoridade presidencial e do compromisso com os mais vulneráveis.

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