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Trump fortalece crime organizado ao facilitar tráfico de drogas e lavagem de dinheiro

Segundo estimativas do próprio Tesouro americano, US$ 300 bilhões são “lavados” nos EUA a cada ano

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump - 27/06/2025 (Foto: REUTERS/Ken Cedeno)

Conjur - Apesar do discurso de combate ao crime organizado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vem tomando medidas que facilitam a prática de lavagem de dinheiro, corrupção e tráfico de drogas.

A administração Trump acabou com a assistência externa prestada a outros países pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) e pretende cortar financiamento de mais programas do tipo. Conforme a ONG de jornalismo InSight Crime, as medidas podem fortalecer o crime organizado em diversos países.

Isso porque tais iniciativas sempre ajudaram a melhorar condições que levavam as pessoas ao crime organizado — ou mesmo incentivavam sua migração para os EUA, algo que Trump vem tentando impedir.

Embora frequentemente diga que uma das prioridades de seu governo é combater grupos criminosos mexicanos, o presidente americano aboliu programas que davam apoio à segurança pública do México.

A Usaid, por exemplo, bancava assistência técnica forense para as forças de segurança de cinco estados mexicanos com os maiores números de cemitérios clandestinos. A ideia era ajudar a identificar pessoas desaparecidas, inclusive cidadãos americanos.

Muitos investimentos americanos eram voltados à ajuda humanitária emergencial para comunidades haitianas afetadas pelo aumento da violência praticada por gangues. O Haiti recebeu mais de US$ 466 milhões dos EUA em 2024 — 89% veio da Usaid.

O dinheiro era crucial para sustentar a precária polícia haitiana e uma missão de segurança apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU) que ajuda as autoridades locais a combater grupos criminosos.

Também no último ano, os EUA destinaram US$ 451 milhões para a Colômbia, com o objetivo de implementar o acordo de paz assinado em 2016 que desmobilizou as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Sem o investimento, em um período no qual o orçamento de defesa do país sul-americano está em queda, o crime organizado tem um cenário favorável para se expandir.

Os projetos incluíam substituição de culturas para produtores rurais de coca, reintegração de ex-combatentes e promoção de oportunidades para jovens em risco de recrutamento pelo crime organizado. Dos 80 programas antes apoiados pela Usaid na Colômbia, o governo Trump manteve apenas sete.

A InSight Crime diz que os rendimentos do crime organizado na América Latina e no Caribe vão crescer em 2025, liderados pela cocaína, pelo ouro e por redes de contrabando. O caos político enfrentado em muitos desses países e os próprios efeitos da política externa de Trump podem impulsionar os grupos criminosos transnacionais.

O mais recente relatório mundial do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc) mostrou que há grandes desafios em conter o crime organizado e o aumento do uso de drogas. Em 2023, 316 milhões de pessoas usaram alguma droga. A produção de cocaína cresceu 34% em relação a 2022 e chegou a 3.708 toneladas. Além disso, houve um recorde global de 2.275 apreensões de cocaína. Os números das drogas sintéticas também aumentaram significativamente.

O governo americano ainda vem esvaziando o cumprimento de duas normas importantes: a Lei de Transparência Corporativa (CTA, na sigla em inglês), que busca combater a lavagem de dinheiro por meio de empresas de fachada; e a Lei de Práticas de Corrupção no Exterior (FCPA), sobre o combate à corrupção praticada no exterior por cidadãos americanos.

O Departamento do Tesouro anunciou que não vai exigir informações sobre os efetivos donos de empresas, o que é uma das principais regras da CTA contra as empresas de fachada. A maioria dos estados americanos não requisita relatórios do tipo.

Segundo estimativas do próprio Tesouro americano, US$ 300 bilhões são “lavados” nos EUA a cada ano.

A equipe de Trump também desmantelou diversas unidades do Departamento de Justiça (DoJ) especializadas no combate à corrupção no exterior. Eles ainda consideram fazer cortes severos nas unidades voltadas à corrupção interna.

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