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Trump ameaça credenciamento de Harvard e impõe nova ofensiva sobre alunos estrangeiros

Governo alega falhas contra o antissemitismo e busca documentos sobre estudantes internacionais desde 2020

Estudantes caminham pelo campus da Universidade de Harvard em Cambridge, Massachusetts, EUA, em 23 de maio de 2025 (Foto: REUTERS/Faith Ninivaggi)
Luis Mauro Filho avatar
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247 - A administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escalou novamente seu confronto com a Universidade Harvard, alertando que o credenciamento da instituição pode estar em risco. A informação foi divulgada por Bloomberg nesta quarta-feira (9). 

O governo também formalizou a emissão de intimações para obrigar a universidade a entregar documentos relacionados a estudantes estrangeiros, incluindo registros disciplinares e materiais sobre atividades de protesto.

Acusações de antissemitismo e pressão por credenciamento

Os Departamentos de Educação e Saúde e Serviços Humanos notificaram a Comissão de Educação Superior da Nova Inglaterra (NECHE), responsável pelo credenciamento de Harvard, alegando que a universidade estaria violando leis antidiscriminatórias, especialmente após episódios de antissemitismo ocorridos no campus em meio ao conflito entre Israel e Hamas. Segundo os órgãos federais, Harvard estaria descumprindo os padrões exigidos para manter seu credenciamento.

A secretária de Educação, Linda McMahon, afirmou que a administração está “negociando duramente” não apenas com Harvard, mas também com a Universidade Columbia. “Acho que estamos perto de resolver isso. Não tão rápido quanto eu gostaria, mas estamos chegando lá”, disse ela em reunião de gabinete na terça-feira.

Disputa por informações e congelamento de verbas

O Departamento de Segurança Interna (DHS) alegou que Harvard ignorou repetidos pedidos voluntários de cooperação e, por isso, foi necessário acionar intimações formais. A medida busca documentos, comunicações e registros desde 1º de janeiro de 2020 que possam ser relevantes para a aplicação das leis de imigração dos EUA.

Em meio ao impasse, o governo Trump congelou mais de US$ 2,4 bilhões em financiamento federal para pesquisas realizadas pela universidade e ameaçou sua isenção fiscal. A instituição, por sua vez, moveu uma ação judicial contra o governo e obteve uma liminar que impede a proibição de matrícula de novos estudantes internacionais.

“O governo tentou resolver as coisas de forma amigável com Harvard. Agora, diante da recusa em cooperar, teremos que adotar medidas mais severas”, declarou a secretária assistente do DHS, Tricia McLaughlin.

Harvard reage e denuncia abuso de poder

O porta-voz da universidade, Jason Newton, respondeu que Harvard cumpre os padrões de credenciamento e vem enfrentando o problema do antissemitismo com seriedade, inclusive reformulando políticas e publicando um relatório específico sobre o tema. “Harvard deu passos significativos para combater o preconceito, o ódio e a intolerância. Sabemos que esse trabalho é contínuo e compartilhado por muitas instituições”, afirmou.

Newton classificou como “injustificadas” as intimações e disse que a universidade continuará cooperando com “pedidos legais e obrigações legítimas”. Para ele, as ações da administração representam um “abuso prejudicial de poder”.

“Harvard segue firme em seu compromisso de proteger sua comunidade e seus princípios diante de retaliações infundadas do governo federal”, completou.

Pressão sobre o sistema de credenciamento

Trump tem se referido ao credenciamento como sua “arma secreta” para reformar o ensino superior e prometeu criar novos órgãos de avaliação que imponham “padrões reais” às instituições, incluindo a eliminação de cargos administrativos considerados desnecessários e a defesa da liberdade de expressão.

A NECHE informou por meio de comunicado em seu site que está ciente da carta enviada pelo governo federal e ressaltou que leva a sério seu papel de monitorar instituições sob investigação, conforme suas políticas e procedimentos internos. Harvard está programada para passar por nova avaliação abrangente da comissão em 2027. A última ocorreu em 2017.

A pressão do governo também se estendeu à Universidade Columbia. Em junho, o Departamento de Educação apontou que a instituição não estaria em conformidade com os padrões de credenciamento por, supostamente, demonstrar “indiferença deliberada” diante do assédio a estudantes judeus. A Comissão do Meio-Atlântico alertou que a acreditação de Columbia está “em risco” diante da “falta de evidência suficiente” sobre um ambiente universitário respeitoso.

O credenciamento é crucial para o funcionamento das universidades, pois garante acesso a financiamento estudantil federal e assegura a qualidade da formação para alunos, professores e empregadores.

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