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Trump afirma vitória sobre Irã, mas relatório de inteligência dos EUA contradiz impacto de bombardeios

Ataques norte-americanos não destruíram capacidade nuclear iraniana e recuo teria sido de apenas alguns meses, revela avaliação preliminar da inteligência

O presidente dos EUA, Donald Trump, chega a um jantar para chefes de estado e de governo da OTAN oferecido pelo rei holandês Willem-Alexander e pela rainha holandesa Máxima, à margem de uma cúpula da OTAN, no Palácio Huis ten Bosch em Haia, Holanda, em 24 de junho de 2025 (Foto: REUTERS/Christian Hartmann)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Um relatório preliminar da Agência de Inteligência de Defesa dos Estados Unidos (DIA) apontou que os recentes ataques aéreos realizados pelos EUA contra instalações nucleares do Irã não conseguiram destruir a capacidade do país persa de enriquecer urânio, contradizendo as declarações do presidente norte-americano Donald Trump, que afirmou no fim de semana que o programa nuclear iraniano havia sido “obliterado”. A informação foi revelada em reportagem publicada pela agência Reuters nesta terça-feira (24).

Segundo a matéria assinada por Gram Slattery, Jonathan Landay e outros correspondentes internacionais, fontes com conhecimento direto do relatório indicam que os ataques selaram entradas de dois centros de enriquecimento, mas não causaram colapsos nos edifícios subterrâneos, onde está parte significativa da infraestrutura nuclear do Irã. Centrífugas teriam permanecido intactas, e os estoques de urânio enriquecido não foram eliminados. “O programa nuclear do Irã pode ter sido atrasado apenas por um ou dois meses”, disse uma das fontes.

Apesar disso, o governo Trump manteve seu discurso de força. “Removemos duas ameaças existenciais imediatas: a ameaça de aniquilação nuclear e a ameaça de aniquilação por 20 mil mísseis balísticos”, declarou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, ecoando a retórica de vitória da aliança Israel-EUA após 12 dias de guerra.

Fim da guerra e acordo de cessar-fogo

O bombardeio norte-americano ocorreu após Israel iniciar uma ofensiva surpresa no dia 13 de junho contra instalações nucleares iranianas, resultando na morte de altos comandantes militares da República Islâmica — o maior revés para Teerã desde a guerra contra o Iraque na década de 1980. O Irã retaliou com mísseis contra bases e cidades israelenses.

Nesta terça-feira (24), ambos os lados sinalizaram que o conflito havia sido interrompido com a entrada em vigor de um cessar-fogo negociado pelo presidente Trump, que foi anunciado às 5h GMT. Apesar da trégua formal, acusações mútuas de violações marcaram as horas seguintes.

Trump criticou publicamente tanto Teerã quanto Tel Aviv, mas foi mais incisivo com Israel. “Tenho que fazer Israel se acalmar agora”, declarou, acrescentando que os dois países estavam lutando “há tanto tempo e com tanta intensidade que não sabem mais o que estão fazendo”. A reprimenda aconteceu pouco antes de sua viagem para a cúpula da OTAN na Europa.

Disputa de narrativas

O governo dos EUA informou ao Conselho de Segurança da ONU que os bombardeios “degradaram” o programa nuclear iraniano, em contraste com a linguagem anterior de “aniquilação total” usada por Trump. A própria Casa Branca desqualificou a avaliação da inteligência, classificando-a como “completamente errada”.

Por sua vez, o presidente iraniano Masoud Pezeshkian comemorou o desfecho do conflito. “Encerramos a guerra com uma grande vitória”, disse ele, segundo a agência oficial IRNA. Pezeshkian também teria indicado ao príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman que Teerã está disposto a resolver suas diferenças com os EUA.

Já o chefe do Estado-Maior israelense, Eyal Zamir, reconheceu que um “capítulo significativo” havia sido encerrado, mas afirmou que a campanha contra o Irã ainda não terminou. Segundo ele, o foco militar israelense voltará agora para o Hamas, na Faixa de Gaza.

Consequências humanitárias e econômicas

Do lado iraniano, o conflito deixou 610 mortos e 4.746 feridos, segundo autoridades locais. Em Israel, a retaliação iraniana matou 28 pessoas, sendo a primeira vez que as defesas aéreas do país foram superadas por um número expressivo de mísseis.

Apesar do fim formal das hostilidades, a trégua permanece frágil. Israel bombardeou um radar próximo a Teerã alegando que o Irã havia violado o cessar-fogo, enquanto o governo iraniano negou ter lançado mísseis após o prazo da trégua. O cidadão iraniano Reza Sharifi, de 38 anos, resumiu o sentimento de exaustão: “A guerra acabou. Nunca deveria ter começado”.

Nos mercados, o anúncio do cessar-fogo teve efeito imediato: os preços do petróleo caíram e as bolsas de valores ao redor do mundo reagiram com otimismo, em meio ao alívio de que os fluxos de petróleo do Golfo não seriam interrompidos.

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