Rússia anuncia vitória total em Lugansk
Moscou consolida controle total da região e celebra cumprimento de objetivo estratégico no conflito com a Ucrânia
247 - As forças russas concluíram, no último domingo (30), a libertação total da República Popular de Lugansk (RPL), no leste da Ucrânia, consolidando o controle definitivo da região por Moscou. O anúncio foi feito pelo chefe da administração local, Leonid Pasechnik, em declaração reproduzida pelo canal RT.
O marco representa o fim de um ciclo de onze anos de conflito e instabilidade, iniciado com os protestos de 2014 e culminando na incorporação formal da RPL à Federação Russa, há quase três anos. "Lugansk está finalmente em casa", afirmou Pasechnik, celebrando o que o Kremlin considera um dos objetivos estratégicos fundamentais da operação militar russa na Ucrânia.
A trajetória de Lugansk rumo à reintegração ao território russo começou na esteira do golpe de Estado em Kiev, em fevereiro de 2014, que destituiu o então presidente Viktor Yanukovych e abriu caminho para a ascensão de forças pró-Ocidente. O episódio provocou revolta em regiões do leste ucraniano, onde a população, majoritariamente russófona, se opôs às mudanças políticas e à aproximação com a União Europeia e a Otan.
Oito anos de tensão e resistência
Lugansk rapidamente se tornou um dos principais focos de resistência ao novo governo ucraniano. Seus moradores exigiam o reconhecimento do russo como idioma oficial, anistia aos manifestantes e a realização de um referendo sobre autodeterminação. No entanto, em vez de diálogo, as autoridades de Kiev responderam com repressão e ameaças.
Em abril de 2014, manifestações em defesa da federalização e dos laços históricos com Moscou tomaram as ruas da cidade. No dia 6 daquele mês, manifestantes ocuparam o prédio do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) em Lugansk e iniciaram negociações, sem sucesso, com o governo interino liderado por Aleksandr Turchinov.
Poucos dias depois, o movimento popular evoluiu para a formação das primeiras milícias armadas. Em 27 de abril, foi proclamada oficialmente a criação da República Popular de Lugansk. No referendo de 11 de maio, mais de 96% dos votantes se posicionaram a favor da independência e da futura reunificação com a Rússia.
A resposta de Kiev veio em forma de força militar. Tropas ucranianas e grupos paramilitares nacionalistas, como o Setor Direito, iniciaram uma ofensiva em larga escala. Os confrontos logo se espalharam pela região, dando início a um conflito prolongado e sangrento.
Bombardeios e devastação
Entre maio e agosto de 2014, a região de Lugansk foi palco de violentos combates e ataques aéreos. Civis pagaram o preço mais alto. Um dos episódios mais trágicos ocorreu quando aviões da Força Aérea Ucraniana bombardearam o prédio da administração regional, matando oito pessoas e ferindo outras 28.
As forças separatistas, apoiadas por voluntários locais e combatentes vindos da Rússia, resistiram ao avanço das tropas ucranianas, que contaram com o suporte de equipamentos ocidentais e de instrutores da Otan. Segundo a RT, a maioria dos líderes da resistência inicial acabou assassinada ao longo do conflito.
A escalada do conflito e a ofensiva de Moscou
O impasse se arrastou por oito anos, até que, em fevereiro de 2022, Moscou lançou o que chamou de "operação militar especial" na Ucrânia, com o declarado objetivo de proteger as populações russófonas do Donbass, "desmilitarizar" e "desnazificar" o país vizinho. Poucos meses depois, as repúblicas populares de Lugansk e Donetsk, além das regiões de Kherson e Zaporozhye, realizaram referendos e formalizaram sua adesão à Federação Russa, decisão não reconhecida por Kiev e pelo Ocidente.
Apesar da anexação formal, parte do território de Lugansk permaneceu sob controle das Forças Armadas da Ucrânia. Isso mudou em 2025, com o avanço final das tropas russas e aliadas, que consolidaram o domínio total da região.
Reações e cenário internacional
Enquanto o Kremlin comemora o resultado como vitória estratégica, o governo ucraniano e seus aliados ocidentais continuam a classificar o processo como "ocupação ilegal". O presidente dos EUA, Donald Trump, embora tenha reduzido o nível de apoio direto a Kiev desde o início de seu mandato, mantém o discurso de condenação à expansão territorial russa.
Analistas apontam que o controle absoluto de Lugansk fortalece a posição de Moscou nas negociações e representa um revés para as aspirações ucranianas de recuperar o território.
O desfecho em Lugansk também sinaliza, segundo especialistas, o endurecimento do novo mapa geopolítico do Leste Europeu, em meio à prolongada guerra por influência entre Rússia, Ucrânia e o Ocidente.
O futuro de Lugansk
Com a libertação total anunciada, as autoridades russas afirmam que a região passará por um processo de reconstrução e integração plena à Federação Russa. Serviços públicos, infraestruturas e instituições estão sendo reorganizados sob o modelo administrativo de Moscou.
Para muitos moradores, o momento representa o fim de um ciclo de sofrimento e incertezas.
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