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Reunião de ministros da Defesa da Organização de Cooperação de Xangai reforça aposta em estabilidade regional

Em encontro na China, representantes de 10 países destacam confiança mútua, diálogo e cooperação como pilares frente aos conflitos globais

Ministros da Defesa de todos os 10 países-membros da Organização de Cooperação de Xangai em Qingdao, província de Shandong, no leste da China, em 26/06/2025 (Foto: Divulgação/Organização de Cooperação de Xangai)
Luis Mauro Filho avatar
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247 - Realizada nesta quinta-feira (26) na cidade costeira de Qingdao, na província de Shandong, China, a Reunião de Ministros da Defesa da Organização de Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês) reuniu autoridades de 10 países-membros em um gesto político de peso diante do cenário internacional cada vez mais instável. A informação é da agência  Xinhua .

O encontro, conduzido pelo ministro da Defesa da China, Dong Jun, reforçou o papel do grupo como um "ponto de ancoragem" em tempos de turbulência global. “Num contexto de caos e transformações, é particularmente importante que a SCO atue como força estabilizadora”, declarou Dong.

Durante a reunião, os representantes dos países membros—entre eles China, Rússia, Índia, Paquistão e Irã—concordaram em aprofundar a comunicação estratégica, ampliar a cooperação prática e trabalhar de forma conjunta pela paz e pela estabilidade na região. O consenso obtido, segundo o relatório da Xinhua, demonstra o desejo comum por desenvolvimento e colaboração, mesmo entre países com históricos recentes de conflito.

Cooperação em defesa e segurança

A SCO não se configura como uma aliança militar, tampouco adota posicionamentos hostis a terceiros, reforçaram autoridades chinesas. O que está em jogo, conforme afirmou o porta-voz do Ministério da Defesa chinês, coronel sênior Zhang Xiaogang, é a promoção de valores como justiça, confiança mútua e boa vizinhança, ao lado da rejeição a práticas hegemônicas ou confrontacionais.

“Unidos na cooperação, nossa jornada será longa e estável”, declarou Zhang. “As Forças Armadas da China trabalharão lado a lado com os exércitos dos demais países membros para aprofundar a cooperação em defesa e construir um lar comum com paz, desenvolvimento e amizade”.

Zhang destacou ainda que a China, na condição de presidente rotativa da organização em 2025, impulsionou novos programas de colaboração militar e se comprometeu com a ampliação da comunicação estratégica entre os países-membros.

“Espírito de Xangai” como resposta à tensão global

Na avaliação de Zhang Chi, especialista em assuntos militares da Universidade Nacional de Defesa do Exército de Libertação Popular, o posicionamento da China durante o encontro foi marcado por “visão, responsabilidade e ação”. Para ele, o “Espírito de Xangai”—conceito fundado sobre confiança, benefício mútuo, igualdade e respeito às diversas civilizações—ganhou nova dimensão diante da complexidade geopolítica atual.

“Essa reunião mostra como os membros da SCO estão comprometidos com a construção de um futuro comum, com base no respeito e na cooperação”, afirmou Zhang ao Global Times.

O especialista também comparou o clima do encontro em Qingdao com o do tradicional Diálogo Shangri-La, principal fórum de defesa da Ásia-Pacífico liderado por potências ocidentais. Segundo Zhang, o tom “confrontacional” observado em Singapura contrasta com o “ambiente de confiança e respeito mútuo” promovido pela SCO. “No Shangri-La, questões sensíveis são frequentemente manipuladas para criar tensão. Aqui, há esforço para evitar armadilhas diplomáticas e buscar convergência”, criticou.

Missão contra o extremismo e em prol do multilateralismo

Outro especialista ouvido pelo Global Times, Song Zhongping, destacou a relevância da SCO no enfrentamento conjunto ao terrorismo, separatismo e extremismo—ameaças comuns à segurança nacional de todos os membros. Ele frisou que o bloco não é voltado contra nenhuma outra nação, mas busca promover uma arquitetura de segurança cooperativa.

“A SCO reúne países com influência significativa. Quanto mais fortalecida estiver essa estrutura, mais aptos estaremos para preservar a paz regional”, avaliou.

Um fórum alternativo ao modelo ocidental

Em contraste com eventos militares impulsionados por potências ocidentais—frequentemente marcados por disputas e alinhamentos políticos—, a SCO vem se firmando como alternativa multilateral baseada em diálogo e soberania. A presença de nações com rivalidades históricas, como Índia e Paquistão, e a disposição de firmar consensos, conferem ao bloco uma função diplomática singular, especialmente em um momento em que as tensões globais são ampliadas por ações unilaterais de grandes potências.

Ao fim do encontro, os ministros reafirmaram a continuidade das ações conjuntas para reforçar os mecanismos de defesa e estreitar os laços entre os Estados membros. A declaração final evidenciou a intenção de consolidar uma “comunidade com futuro compartilhado”.

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