Pressão conservadora trava pacote econômico de Trump na Câmara
Resistência de republicanos da ala dura ameaça cronograma do presidente para aprovar plano trilionário até o 4 de Julho
247 - A principal proposta econômica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enfrentou um impasse na Câmara dos Representantes nesta quarta-feira (2), após pressões da ala conservadora republicana contrária ao custo de US$ 3,4 trilhões do pacote de cortes de impostos e aumento de gastos.
Segundo a Bloomberg, líderes do Congresso precisaram adiar uma votação processual decisiva diante da oposição do influente grupo Freedom Caucus e de parlamentares moderados preocupados com os impactos sociais da medida.
A tensão aumentou quando os conservadores exigiram alterações no texto aprovado pelo Senado na véspera — que só avançou após o voto de minerva do vice-presidente JD Vance. O presidente Trump, que pretende ver a legislação sancionada até o feriado nacional do 4 de Julho, convocou parlamentares resistentes à Casa Branca para negociações diretas. Apesar disso, os obstáculos permanecem.
Câmara dividida e ameaça ao cronograma
O diretor de orçamento da Casa Branca, Russ Vought, foi escalado para articular pessoalmente com os dissidentes. Ao deixar uma reunião com membros do Freedom Caucus, afirmou que “estamos fazendo bons progressos”. Entre os pontos centrais de disputa estão os cortes propostos no Medicaid, programa de saúde voltado à população de baixa renda e pessoas com deficiência.
O deputado Ralph Norman, da Carolina do Sul, que vinha exigindo reduções ainda mais severas no Medicaid, sinalizou leve mudança de postura após o encontro com Vought: “Muitas dúvidas foram esclarecidas, tivemos acesso a informações que desconhecíamos”, afirmou.
Contudo, o cenário ainda é adverso para o presidente da Câmara, Mike Johnson. Com maioria apertada, ele só pode perder três votos republicanos para manter o projeto em curso. E parlamentares como Andy Harris, líder do Freedom Caucus, já declararam voto contrário. “Precisamos de mais uma semana para acertar isso”, afirmou Harris à CNBC. “Não acredito que estará pronto até 4 de Julho.”
Divisão entre alas republicanas
Além dos conservadores, o projeto também sofre resistência de moderados, que denunciam os efeitos negativos sobre hospitais locais em seus distritos, caso sejam mantidos os cortes mais profundos aprovados pelo Senado. Mudanças no texto, contudo, exigiriam nova votação no Senado, o que comprometeria o calendário proposto por Trump.
O impasse expõe a dificuldade do governo em unificar a base republicana, mesmo com tentativas da Casa Branca de contornar os impasses por meio de promessas de futuras medidas executivas ou legislação complementar.
O presidente Trump, por sua vez, intensificou a pressão pública sobre aliados hesitantes. Em publicação na rede Truth Social, escreveu: “SE APROVADO, OS EUA TERÃO UM RENASCIMENTO ECONÔMICO COMO NUNCA ANTES. ISSO JÁ ESTÁ ACONTECENDO, SÓ EM ANTECIPAÇÃO DESTE MAGNÍFICO PROJETO. DÉFICIT CORTADO PELA METADE, INVESTIMENTOS RECORDE — DINHEIRO, FÁBRICAS, EMPREGOS CHEGANDO AOS EUA”.
Em reuniões internas, Trump também ameaçou apoiar adversários eleitorais de congressistas que bloquearem sua proposta, a qual considera peça-chave de sua política econômica.
O risco de colapso e o discurso do “encerramento das negociações”
Apesar das divergências, alguns parlamentares seguem confiantes. O deputado Richard Hudson, da Carolina do Norte, declarou: “Vamos aprovar isso. Trump é o melhor na hora de fechar acordos”. Para Hudson, “a Casa Branca foi clara: as negociações terminaram. É hora de votar”.
No entanto, o projeto aprovado pelo Senado aumenta ainda mais o déficit federal do que a versão anterior da Câmara, saltando de US$ 2,8 trilhões para US$ 3,4 trilhões, conforme dados do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO). A demanda dos conservadores por reintegração de cortes excluídos pelo Senado, se acatada, pode gerar novo confronto entre as duas casas legislativas e empurrar a votação para depois do feriado.
“O Senado deveria ter ficado em Washington. Agora, vamos ter que achar um meio-termo entre as duas versões para mandar algo à mesa do presidente”, disse Harris. “Não é rebelião, é o processo legislativo funcionando como deveria.”
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