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Massacre em Gaza: ataques israelenses durante entrega de ajuda humanitária matam 59 palestinos em um único dia

Vítimas incluem crianças e jovens que buscavam alimentos

Crianças esperam em desespero entrega de comida em Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza, em meio ao genocídio cometido por Israel - 24/04/2025 (Foto: REUTERS/Mahmoud Issa)
Laís Gouveia avatar
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247 - Um dos dias mais letais da guerra em Gaza deixou ao menos 59 palestinos mortos neste sábado (12), segundo autoridades locais e testemunhas. A tragédia combinou ataques aéreos israelenses e disparos contra multidões que buscavam ajuda humanitária na região sul do território. A escalada da violência ocorre em meio à estagnação das negociações por um cessar-fogo, mesmo após dois dias de reuniões entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. As informações são da AFP. 

Segundo autoridades hospitalares palestinas e testemunhas, ao menos 31 pessoas foram mortas a tiros nas proximidades de um ponto de distribuição de alimentos da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), operado com apoio de Israel, próximo a Rafah. Outros 28 palestinos, incluindo quatro crianças, morreram em bombardeios nas cidades de Deir al-Balah e Khan Younis.O Comitê Internacional da Cruz Vermelha informou que seu hospital de campanha registrou o maior número de mortos em um único dia desde o início de sua operação em Gaza, há mais de um ano. Mais de 100 pessoas ficaram feridas, a maioria com marcas de tiros, o que evidencia a gravidade do episódio.

No centro da Faixa de Gaza, em Deir al-Balah, 13 pessoas morreram em bombardeios — entre elas, as quatro crianças. Já em Khan Younis, ao sul, 15 pessoas foram mortas, segundo os dados repassados pelo Hospital Nasser. Enquanto isso, ataques continuaram intensamente também na região norte, em Beit Hanoun. As Forças de Defesa de Israel não se pronunciaram sobre as novas ofensivas.

Entre os mortos a tiros estava o jovem Nasir, de 17 anos, que, segundo sua mãe, saiu de casa decidido a buscar comida. “Ele me disse: ‘Mãe, você está sem farinha e hoje eu vou buscar farinha para você. Mesmo que eu morra, vou trazer’”, contou Sumaya al-Sha'er. “Mas ele nunca voltou para casa.”Outro palestino, Abdullah al-Haddad, relatou que estava a cerca de 200 metros do ponto de distribuição da GHF quando um tanque israelense abriu fogo contra a multidão. “Estávamos juntos e eles atiraram em nós de uma vez”, afirmou, do leito do hospital, ferido na perna.A Cruz Vermelha destacou a “frequência e escala alarmantes” desses ataques em áreas de distribuição de alimentos e afirmou que todos os feridos relataram estar a caminho de locais onde buscariam ajuda humanitária. O Exército de Israel alegou que disparou apenas tiros de advertência contra pessoas que “agiam de forma suspeita” e afirmou não ter conhecimento de vítimas. A GHF, por sua vez, declarou que não houve incidentes em seus pontos de entrega.

Contudo, dois contratados da fundação disseram à Associated Press que colegas da GHF atiraram com munição real e lançaram bombas de efeito moral contra civis que se aproximavam dos centros de distribuição — o que a organização nega.Desde o colapso do último cessar-fogo, em março, Israel impôs duras restrições à entrada de ajuda humanitária em Gaza. A guerra, que já dura 21 meses, deixou mais de 2 milhões de pessoas dependentes exclusivamente de auxílio externo. A ONU alertou para risco iminente de fome generalizada.Somente nesta semana foi autorizada a entrada de combustível em Gaza pela primeira vez em 130 dias — 150 mil litros, quantidade considerada insuficiente pelas agências humanitárias da ONU para manter hospitais, sistemas de água e transporte funcionando. A escassez de recursos e o colapso da ordem pública também resultaram em saques e tornaram quase inviável a entrega organizada de suprimentos.

Enquanto isso, aumentam os protestos dentro de Israel por um cessar-fogo. O ex-refém Eli Sharabi criticou a condução do conflito. “A arrogância foi o que trouxe esse desastre sobre nós”, afirmou, em manifestação nas ruas.A guerra foi desencadeada após o ataque de militantes liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou cerca de 1.200 pessoas em Israel e resultou no sequestro de 251 reféns. Estima-se que cerca de 50 ainda estejam sob poder do Hamas, dos quais ao menos 20 estariam vivos.

A ofensiva israelense de retaliação já deixou mais de 57.800 palestinos mortos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas — número que inclui mulheres e crianças. A ONU e diversas organizações humanitárias consideram os dados como os mais confiáveis disponíveis até o momento, embora o ministério não distinga civis de combatentes em seus relatórios.

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