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Irã rejeita críticas da Alemanha e reafirma compromisso com a não proliferação nuclear

Chanceler iraniano acusa Berlim de apoiar ataques israelenses e americanos e afirma que o Irã manterá o programa nuclear sob supervisão nacional

O Ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, em Bagdá, Iraque, em 13 de outubro de 2024 (Foto: REUTERS/Ahmed Saad)
José Reinaldo avatar
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247 - O Irã reagiu com veemência às recentes declarações do governo da Alemanha, que acusou Teerã de suspender completamente a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A informação foi publicada nesta quinta-feira (3) pela emissora iraniana HispanTV.

Por meio da rede social X, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Seyed Abbas Araqchi, classificou como "notícias falsas" as alegações do Ministério das Relações Exteriores alemão e enfatizou o compromisso de seu país com o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) e o Acordo de Salvaguardas.

“O Irã continua comprometido com o Tratado de Não Proliferação Nuclear e seu Acordo de Salvaguardas”, escreveu o chanceler. Ele explicou ainda que, em função dos recentes ataques israelenses e norte-americanos contra instalações nucleares no Irã, a nova legislação aprovada pelo Parlamento determina que a cooperação com a AIEA será gerida diretamente pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional, como medida de proteção.

As críticas de Berlim surgiram após o Parlamento iraniano aprovar a nova legislação, vista pelo governo alemão como um retrocesso à transparência internacional. O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha afirmou que a medida "envia uma mensagem devastadora" e "elimina qualquer possibilidade de supervisão internacional" do programa nuclear iraniano.

Araqchi, no entanto, foi contundente ao acusar Berlim de apoiar ações hostis contra o Irã, especialmente os bombardeios realizados por Israel e pelos Estados Unidos. “Para os iranianos, o que realmente 'envia uma mensagem devastadora' é o apoio da Alemanha a ataques ilegais em nosso território”, declarou.

O ministro também criticou o histórico de posicionamentos da Alemanha em relação ao Irã e ao Oriente Médio. Ele mencionou o apoio alemão ao regime de Saddam Hussein durante a guerra Irã-Iraque e acusou Berlim de fornecer materiais usados na fabricação de armas químicas pelo ditador iraquiano. Além disso, Araqchi relembrou o apoio do governo alemão a Israel na atual ofensiva em Gaza, classificada por Teerã como "genocídio".

“Aqueles que estão sempre do lado errado da história deveriam permanecer em silêncio”, disse o chanceler iraniano, acrescentando que o apoio alemão aos ataques israelenses revela uma "intenção maligna" contra o povo iraniano que vai além da mera hostilidade diplomática.

O ministro também acusou a Alemanha de não cumprir seus compromissos no Plano de Ação Global Conjunto (JCPOA), o acordo nuclear firmado em 2015, ao exigir o chamado “enriquecimento zero” do Irã — uma exigência que, segundo Araqchi, não está prevista nos termos do tratado e viola o direito do país ao desenvolvimento pacífico da energia nuclear.

As tensões entre o Irã e o Ocidente se agravaram desde que, em 13 de junho, Israel lançou um ataque militar contra o território iraniano. Poucos dias depois, os Estados Unidos bombardearam três instalações nucleares iranianas, alegando que o Irã estaria avançando no desenvolvimento de armas nucleares — algo sistematicamente negado por Teerã.

Em retaliação, o Irã executou a chamada Operação True Promise III, atacando alvos estratégicos nos territórios palestinos ocupados por Israel, além da base aérea de Al-Udeid, no Catar, a maior instalação militar dos EUA no Oriente Médio.

Segundo o governo iraniano, os ataques de retaliação e a resistência das forças armadas do país conseguiram conter a ofensiva estrangeira e forçar um cessar-fogo, anunciado em 24 de junho. Apesar das agressões, o Irã declarou que continuará com seu programa nuclear, reafirmando que o objetivo é exclusivamente pacífico e dentro das normas internacionais estabelecidas pelo TNP.

Fontes da mídia israelense, citadas pela HispanTV, reconheceram que “nenhum dos objetivos de Israel foi alcançado” na ofensiva contra o Irã, que classificou a resposta iraniana como "sem precedentes" e um sinal da capacidade de defesa do país.

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