Irã diz que “todas as opções estão abertas” após bombardeio dos EUA em alvos nucleares
Teerã denuncia violação da legalidade internacional e convoca o Conselho de Segurança da ONU após ataques americanos coordenados com Israel
247 – A escalada no Oriente Médio atingiu um novo patamar neste fim de semana, após os Estados Unidos se juntarem formalmente à ofensiva aérea de Israel contra instalações nucleares e alvos militares no Irã. A informação foi divulgada inicialmente pela rede RT, que vem acompanhando os desdobramentos do conflito em tempo real.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou os primeiros bombardeios americanos por meio de uma postagem na rede Truth Social, na noite de sábado, horário local em Washington. “Uma carga completa de bombas foi lançada sobre o principal local, Fordow”, escreveu Trump. Ele também citou como alvos adicionais as cidades de Natanz e Isfahan, todos centros estratégicos do programa nuclear iraniano. Na mesma publicação, o presidente americano pediu que Teerã “não retaliasse” e sugeriu que “agora é hora de paz”.
O governo iraniano, no entanto, reagiu com dureza. O ministro das Relações Exteriores, Seyed Abbas Araghchi, condenou o ataque, classificando-o como “uma violação grave da Carta da ONU, do direito internacional e do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP)”. Ele declarou:
“O Irã reserva todas as opções para defender sua soberania, seus interesses e seu povo”.
A chancelaria iraniana divulgou nota oficial neste domingo chamando os ataques de “brutal agressão militar dos EUA contra instalações nucleares pacíficas”, e exigiu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas e do conselho da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
“O governo belicista e violador da lei dos EUA é responsável pelos efeitos extremamente perigosos e pelas consequências deste grande crime”, diz o texto.
Reação militar e apelos internacionais
Enquanto mísseis iranianos eram detectados em direção ao território israelense — obrigando sirenes a soarem em diversas regiões do país — o Exército de Israel informou que sua força aérea estava “operando para interceptar e eliminar ameaças”, recomendando que a população siga instruções do Comando da Frente Interna.
O Irã também enviou uma carta à ONU. Nela, o embaixador Amir Saeid Iravani classificou os ataques como “atos de agressão premeditados e sem provocação” e apelou para que o Conselho de Segurança “tome todas as medidas necessárias” para responsabilizar os Estados Unidos.
No plano internacional, o México foi um dos primeiros países a se manifestar, pedindo “diálogo diplomático urgente pela paz”, de acordo com os princípios pacifistas de sua política externa.
Críticas internas nos EUA
A resposta interna à ação de Trump também foi imediata e contundente por parte de parlamentares democratas. A deputada Alexandria Ocasio-Cortez acusou o presidente de agir de forma “impulsiva” e afirmou que o ataque “representa claramente fundamentos para um processo de impeachment”. Já Ilhan Omar qualificou a operação como “uma escalada perigosa e imprudente”. Yassamin Ansari, também deputada, declarou que a ação foi “ilegal” e pediu uma sessão de emergência do Congresso. O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, reforçou a necessidade de aplicar a Lei dos Poderes de Guerra, afirmando que “nenhum presidente deve ter autorização para levar o país à guerra com ameaças erráticas e sem estratégia”.
Primeira ação com bomba “bunker-buster”
O ataque também marcou a estreia em combate da bomba GBU-57 “Massive Ordnance Penetrator” (MOP), de 30 mil libras, segundo apurou o New York Times. O armamento, projetado para destruir alvos subterrâneos altamente protegidos, foi lançado por bombardeiros stealth B‑2 Spirit.
A Organização de Energia Atômica do Irã (AEOI) confirmou que os ataques atingiram as instalações nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan, classificando-os como “ilegais e brutais”. Em nota, a AEOI criticou o fato de que os alvos operavam sob supervisão de inspetores internacionais e acusou a AIEA de indiferença.
Por sua vez, o Centro Iraniano de Segurança Nuclear Nacional informou que realizou inspeções emergenciais e que não foram detectados vazamentos de material radioativo.
“Não há perigo para os residentes das regiões atingidas”, concluiu o órgão.
Conflito em escalada
A ofensiva de Israel, batizada de “Operação Leão em Ascensão”, teve início em 13 de junho e foi justificada por Tel Aviv como ação “preventiva” para impedir que o Irã desenvolvesse armas nucleares. Teerã insiste que seu programa é estritamente pacífico e respondeu aos ataques com mísseis e drones.
O Ministério da Saúde iraniano informou que os bombardeios israelenses já deixaram pelo menos 430 mortos e mais de 3.500 civis feridos. Do lado israelense, autoridades reportaram 25 mortes e mais de 2.500 feridos.
Com dois protagonistas nucleares em rota de colisão aberta, a crise entre Irã, Israel e Estados Unidos coloca o mundo diante de um risco real de expansão bélica regional, com possíveis consequências globais. A expectativa agora recai sobre a reação do Conselho de Segurança da ONU e sobre a capacidade da diplomacia internacional em evitar uma guerra ainda mais devastadora.
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