Irã desafia Trump, reafirma programa nuclear e denuncia hipocrisia dos EUA

247 - O governo do Irã reafirmou seu compromisso com o desenvolvimento do programa nuclear para fins pacíficos e denunciou as contradições e a hipocrisia da diplomacia dos Estados Unidos. As declarações foram dadas pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmail Baqai, em entrevista ao canal Al Jazeera, do Catar, na quinta-feira (26). As informações são da rede HispanTV e da própria emissora árabe.

Baqai voltou a defender o direito do Irã de usufruir da energia nuclear pacífica, conforme prevê o Artigo IV do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), do qual o país é signatário. A fala foi uma resposta direta às recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, durante uma conferência da OTAN, afirmou que os ataques realizados pelas forças norte-americanas "destruíram" o programa nuclear iraniano.

“O que quero dizer é que o direito do Irã à energia nuclear pacífica permanece intacto. O Irã tem todo o direito, sob o TNP e seu Artigo IV, de usufruir da energia nuclear para fins pacíficos e está determinado a preservar esse direito em quaisquer circunstâncias”, enfatizou Baqai.

O porta-voz iraniano criticou duramente a postura de Washington, que, segundo ele, fala em diálogo ao mesmo tempo em que dá respaldo a ataques militares contra o Irã. “Temos ouvido todo tipo de declarações contraditórias nos últimos dois ou três meses. Houve muitas contradições com o establishment americano. Enquanto falavam sobre diplomacia, deram sinal verde aos israelenses para atacar o Irã”, declarou Baqai.

Segundo o diplomata, o ataque israelense ao Irã ocorreu apenas dois dias antes de uma reunião programada entre representantes de Teerã e de Washington, em Mascate, capital de Omã, minando as possibilidades de avanço nas negociações. “Ainda há alguma confiança neles porque eles falam diferente, agem diferente e agora precisam ser responsabilizados pela agressão que cometeram contra meu país com a cooperação e cumplicidade dos israelenses?”, questionou Baqai.