Hamas afirma que acordo de cessar-fogo só será possível com fim completo do genocídio

247 - O Movimento de Resistência Hamas sinalizou nesta quarta-feira (2) que está disposto a considerar um acordo de cessar-fogo com Israel, mas reiterou que qualquer iniciativa deve "claramente levar ao fim completo" do genocídio em Gaza. A posição foi divulgada horas após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar publicamente que Israel aceitou uma proposta de cessar-fogo de 60 dias e conclamar o Hamas a também aderir ao plano. As informações são do jornal The Times of Israel.

Trump declarou na terça-feira (1º) que o governo israelense aceitou os termos de uma trégua temporária e pediu que o Hamas aceite o acordo antes que, segundo ele, as condições piorem ainda mais para Gaza. O presidente americano tem pressionado tanto Israel quanto o Hamas a selarem um entendimento que envolva o cessar-fogo e a libertação de prisioneiros, o que, em sua avaliação, abriria caminho para o fim da guerra iniciada em outubro de 2023.

“O período de 60 dias seria utilizado para avançar em direção ao término definitivo do conflito”, afirmou Trump. Segundo ele, um acordo pode ser alcançado já na próxima semana, caso as partes aceitem os termos em negociação.

Apesar da sinalização de abertura, a resposta do Movimento de Resistência Hamas foi cautelosa e manteve a exigência do grupo: o fim do genocídio como condição para qualquer acordo.

Taher al-Nunu, representante do Hamas, declarou que o movimento está “pronto e sério em relação a um acordo”, mas frisou que a prioridade é “qualquer iniciativa que claramente leve ao fim completo da guerra”.

Mais tarde, o Hamas confirmou estar analisando a proposta mais recente apresentada pelos mediadores internacionais e mantendo conversas para tentar “preencher lacunas” e retomar formalmente as negociações.

Uma delegação do Hamas deve se reunir no Cairo com representantes do Egito e do Catar ainda nesta quarta-feira (3) para discutir os detalhes da proposta, segundo informou uma fonte diplomática egípcia, sob condição de anonimato.

Do lado israelense, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reafirmou que o governo mantém seus objetivos centrais: derrotar o Hamas e libertar todos os prisioneiros ainda mantidos em Gaza.

“Estou lhes dizendo, não haverá Hamas. Não haverá Hamastão. Não vamos voltar a isso. Acabou. Vamos libertar todos os nossos reféns”, disse Netanyahu durante visita à sede da Companhia de Oleodutos de Eilat Ashkelon, em Ashkelon.

O impasse central permanece: enquanto o Hamas defende a retirada completa de Israel de Gaza e o término da guerra em troca da libertação dos prisioneiros, Israel exige a rendição total, o desarmamento e o exílio dos líderes do movimento, o que o Hamas se recusa a aceitar.

O plano de Trump, elaborado por seu enviado especial Steve Witkoff, prevê a libertação imediata de 10 prisioneiros israelenses vivos e a devolução dos corpos de outros 18 durante o cessar-fogo de 60 dias. A libertação dos demais reféns estaria condicionada à conclusão de um cessar-fogo permanente.

Na próxima segunda-feira, Trump deve receber Netanyahu na Casa Branca para uma reunião que deve abordar, além da situação em Gaza, as tensões regionais com o Irã e outros temas estratégicos. O encontro ocorre dias depois de Ron Dermer, ministro de Assuntos Estratégicos de Israel e um dos principais assessores de Netanyahu, ter se reunido com autoridades americanas para tratar dos mesmos assuntos.