Ex-premiê de Bangladesh é acusada de crimes contra humanidade
Sheikh Hasina fugiu do país em agosto de 2024 e encontra-se refugiada na Índia após comandar repressão contra estudantes
Opera Mundi - A ex-premiê de Bangladesh, Sheikh Hasina, foi formalmente acusada de crimes contra a humanidade nesta quinta-feira (10/07), quase um ano após a violenta repressão a protestos estudantis que ocorreram em julho de 2024 e culminaram na queda de seu governo.
Durante o seu governo, Hasina sufocou, com brutalidade, as manifestações que exigiam sua renúncia após 15 anos no poder. A repressão provocou a morte de mais de 1.400 pessoas e a prisão arbitrária de dezenas de milhares de pessoas.
Hasina fugiu do país em 5 de agosto de 2024 e está refugiada na Índia. Nesta quinta-feira (10/07), um painel de três juízes do Tribunal Internacional de Crimes de Bangladesh a indiciou formalmente. A Justiça também acusou seu ex-ministro do Interior, Asaduzzaman Khan, e o ex-chefe de polícia, Chowdhury Abdullah al-Mamun.
Segundo os promotores, a ex-líder de Bangladesh “foi a mente mestra, condutora e comandante superior” da violência contra os protestos liderados por estudantes.
Munição real
Durante a repressão, alega o Tribunal, a polícia usou munição real contra os manifestantes. Documentos e áudios vazados indicam que as ordens partiram diretamente dela. “Como amplamente documentado por grupos de direitos humanos, a polícia disparou munição real contra manifestantes em todo o país, causando mortes em massa, e prendeu arbitrariamente dezenas de milhares de civis na tentativa de esmagar a revolta”, afirma a decisão.
A Liga Awami, partido de Hasina, classificou o Tribunal como ilegítimo, apesar da própria ex-premiê tê-lo criado em 2009. “Condenamos nos termos mais fortes a acusação contra nossa presidente e outros líderes, pois afirmamos que esta medida representa mais um testemunho da caçada às bruxas em curso contra o nosso partido”, afirmou em nota publicada na plataforma X.
Prêmio Nobel no governo
Após a revolta popular, o governo interino, liderado pelo Prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus, iniciou uma ambiciosa agenda de reformas, incluindo mudanças na constituição, no sistema judiciário, nas forças policiais e nas regras eleitorais. Diversos policiais de alta patente passaram a responder por execuções extrajudiciais e o governo desmantelou os centros de detenção clandestinos.
Durante 15 anos, o governo Hasina perseguiu Yunus sistematicamente, levando-o a passar longos períodos no exterior, afastado da política. Com a queda do governo, estudantes e líderes civis que organizaram os protestos populares convocaram o economista a assumir o poder.
Yunus é o criador do conceito de microcrédito para os pobres, o que lhe rendeu o Prêmio Nobel da Paz em 2006. Seu governo vem sendo tumultuado por ataques de multidões contra santuários sufis e comunidades hindus, invasões de partidas de futebol feminino e linchamento de supostos traficantes de drogas no país.
Ele garantiu que novas eleições ocorrerão até abril de 2026 no país, sem a participação da Liga Awami. Yunus também solicitou formalmente o retorno de Hasina ao país.
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