Em encontro, EUA reforçam aliança com parceiros do Indo-Pacífico e voltam a mirar China

247 - O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, recebeu seus colegas australiano, indiano e japonês na terça-feira (1), buscando aumentar os esforços para enfrentar a China, mesmo com divergências comerciais e outros desentendimentos bilaterais introduzindo atritos nas relações. A reportagem é da agência Reuters:

Os quatro países, conhecidos como Quad, compartilham preocupações sobre o crescente poder da China, mas os laços foram prejudicados pela ofensiva tarifária global do presidente Donald Trump, da qual nenhum dos membros foi poupado.

O ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, no entanto, disse que a reunião foi "muito produtiva".

"O encontro de hoje fortalecerá a estabilidade estratégica no Indo-Pacífico e o manterá livre e aberto", disse ele em uma publicação no X.

Ao dar as boas-vindas aos seus colegas, Rubio chamou os países do Quad de parceiros estratégicos importantes e disse que era hora de "tomar medidas" em questões específicas.

Ele disse que 30 ou 40 empresas dos países do Quad se reuniriam no Departamento de Estado na terça-feira para discutir cooperação, incluindo a diversificação da cadeia de suprimentos de minerais essenciais, um setor atualmente dominado pela China.

A reunião oferece uma oportunidade para redirecionar a atenção para a região vista como o principal desafio para os EUA, depois que Trump se distraiu com questões em outros lugares, incluindo o recente conflito entre Israel e Irã. Em janeiro, o Quad afirmou que se reuniria regularmente para se preparar para uma cúpula de líderes na Índia ainda este ano.

Rubio também manterá reuniões bilaterais com Takeshi Iwaya, do Japão, e Jaishankar, da Austrália, e Penny Wong.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse mais cedo na terça-feira que os EUA e a Índia estavam perto de um acordo para reduzir tarifas sobre importações dos EUA e ajudar a Índia a evitar que as taxas subam acentuadamente na próxima semana.

Jaishankar disse em um evento em Nova York na segunda-feira que havia esperanças de levar as negociações a uma conclusão bem-sucedida, o que exigiria "ceder e receber" para encontrar um meio-termo.

Após a reunião do Quad, Jaishankar foi ao Pentágono, onde o Secretário de Defesa Pete Hegseth disse que esperava que a Índia e os EUA pudessem dar continuidade aos seus esforços de integração de defesa.

"Esperamos poder concluir diversas vendas pendentes de defesa dos EUA para a Índia, expandir nossa cooperação industrial de defesa compartilhada e esforços de coprodução", disse Hegseth no início da reunião.

Outras questões pressionaram as relações.

A Índia discordou das alegações de Trump de que sua intervenção e ameaças de interromper as negociações comerciais evitaram um grande conflito entre a Índia e o Paquistão depois que militantes mataram turistas indianos na disputada região da Caxemira em abril.

Na segunda-feira, Jaishankar reafirmou a posição da Índia de que o comércio não foi um fator para um cessar-fogo com o Paquistão, acrescentando, em referência aos EUA, que "os relacionamentos nunca estarão livres de problemas" e que "o que importa é a capacidade de lidar com isso e manter essa tendência na direção positiva".

NEGOCIAÇÕES TARIFÁRIAS

O Japão, principal aliado dos EUA na região Indo-Pacífico, adiou uma reunião ministerial anual com os Departamentos de Estado e de Defesa dos EUA, que deveria ter sido realizada na terça-feira. Reportagens da imprensa afirmaram que a medida ocorreu após pressão dos EUA para que o país aumentasse os gastos com defesa além do solicitado anteriormente.

Nicholas Szechenyi, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais de Washington, disse que os laços entre EUA e Japão parecem ter perdido força desde que o primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba e Trump saudaram uma nova era de ouro nos laços em uma cúpula em fevereiro.

"As negociações tarifárias são exaustivas, e os japoneses parecem exasperados com os discursos públicos do governo sobre gastos com defesa", disse Szechenyi.

O Financial Times disse na semana passada que as exigências vieram de Elbridge Colby, o terceiro funcionário mais graduado do Pentágono, que, segundo analistas, também criou recentemente ansiedade na Austrália ao lançar uma revisão do enorme projeto AUKUS para fornecer ao país submarinos com propulsão nuclear.

Arthur Sinodinos, ex-embaixador da Austrália em Washington e atualmente na consultoria Asia Group, disse que questões bilaterais podem ofuscar a reunião, da qual Washington está ansioso para ver um foco maior do Quad na segurança.

"O público australiano estará procurando pistas sobre a posição dos EUA em relação ao AUKUS, bem como em relação ao comércio", disse ele.

Reportagem de David Brunnstrom; Reportagem adicional de Humeyra Pamuk, Idrees Ali e Phil Stewart; Edição de Don Durfee, Sandra Maler e Paul Simao