HOME > Meio Ambiente

Fazendeiros e político vão a júri popular por assassinato de indígenas no Mato Grosso do Sul

O corpo de Jenivaldo foi encontrado no rio Ypo’i, próximo ao local do ataque

Mãe de Jenivaldo ao lado do túmulo do filho, assassinado em 2009 (Foto: Divulgação (MPF))
Leonardo Lucena avatar
Conteúdo postado por:

Carolina Bataier, Brasil de Fato - Mais de 15 anos depois do crime, os acusados do assassinato dos professores Rolindo Vera e Jenivaldo Vera, indígenas Guarani Kaiowá, devem ir a júri popular. Os fazendeiros Fermino Aurélio Escobar Filho, Evaldo Luiz Nunes Escobar, Rui Evaldo Nunes Escobar; o ex-candidato a prefeito Joanelse Tavares Pinheiro e o comerciante Antônio Pereira são acusados de homicídio qualificado mediante recurso que dificultou a defesa das vítimas.

Um sexto réu, Moacir João Macedo, ex-vereador e ex-presidente do Sindicato Rural de Paranhos, já faleceu. Em 2012, três anos após o crime, ele disputou vaga na Câmara de Paranhos e foi eleito suplente. Ainda não há data para o tribunal, uma vez que a defesa dos réus pode apresentar recurso.

O crime aconteceu em 2009, em região de disputa territorial no município de Paranhos (MS). As vítimas estavam em um grupo de cerca de 50 indígenas na área reivindicada pelos Guarani Kaiowá, a Tekoha Ypo’i, quando foram atacados por homens que chegaram em caminhonetes. Os irmãos Evaldo, Fermino e Rui são filhos dos proprietários da fazenda São Luiz, que tem parte das terras sobrepostas ao território indígena.

O ataque

De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal do Mato Grosso do Sul (MPF-MS), no dia 31 de outubro de 2009, Edvaldo, Joanelse, Antonio e Moacir, “bem como de outros homens não identificados, colocaram em prática o ataque violento organizado pelos irmãos Fermino, Rui e Evaldo, e, armados com, pelo menos 7(sete) armas de fogo de variados calibres, invadiram o acampamento indígena de forma abrupta e violenta, agredindo os indígenas e assumindo o risco do resultado morte ao atirarem aleatoriamente contra o grupo que ali estava”.

O corpo de Jenivaldo foi encontrado uma semana depois, no rio Ypo’i, próximo ao local do ataque. De acordo com informações do boletim de ocorrência, Jenivaldo “estava sem camisa, com cueca e calção, descalço, com perfuração de arma de grosso calibre frontal no peito e nas costas”.

A perícia comprovou que a morte foi causada por um tiro nas costas. Apesar das buscas realizadas com o auxílio do Exército e do Corpo de Bombeiros, o corpo de Rolindo não foi encontrado até hoje. Rolindo e Jenivaldo eram primos e trabalhavam como professores.

Os réus foram denunciados também por ocultação de cadáver e disparo de arma de fogo. Esses crimes, no entanto, prescreveram.

Segundo depoimentos anexados à denúncia, outros indígenas foram agredidos, entre eles um homem de 89 anos, que “quando tentava fugir e escapar dos disparos, foi agredido por Joanelse com pauladas nas costas, ombro e perna”. O crime de lesão corporal contra idoso também prescreveu.

Em 2011, outro indígena foi assassinado na região do acampamento Ypo’i. De acordo com informações publicadas pela informações da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Teodoro Ricardi, de 25 anos, foi barbaramente atacado e espancado por homens ao retornar da cidade de Paranhos. “Encontrado pelos familiares, Teodoro foi levado para sua casa no acampamento Y’poi, onde mora com sua esposa e 5 filhos. Algumas horas depois da agressão, não resistiu aos ferimentos e faleceu”, informa a CPT. Ele era uma liderança do acampamento.

❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Cortes 247

Relacionados

Carregando anúncios...
Carregando anúncios...