Braskem anuncia novo polo petroquímico no Rio com investimento de US$ 800 milhões
Unidade será instalada em Duque de Caxias, utilizará gás natural e deve gerar mais de 38 mil empregos diretos e indiretos
247 - A petroquímica Braskem oficializou um ambicioso plano de expansão no estado do Rio de Janeiro: a construção de um novo polo industrial em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, com aporte estimado em US$ 800 milhões. A informação foi publicada pelo Estadão/Broadcast nesta quarta-feira (2), com base em fontes ligadas ao projeto.
O novo polo petroquímico terá como foco a produção de polietileno, um insumo essencial para a indústria de plásticos, com capacidade estimada entre 300 mil e 400 mil toneladas por ano. A expectativa é de que o projeto impulsione a geração de empregos, com mais de 38 mil vagas diretas e indiretas ao longo da cadeia produtiva.
Complexo será alimentado por gás da UPGN da Petrobras - O investimento será viabilizado por meio do fornecimento de etano oriundo da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), localizada no Complexo de Energias Boaventura (antigo Comperj), em Itaboraí. A estrutura, operada pela Petrobras, processa cerca de 21 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. Parte desse volume será transformado em etano e fornecido à Braskem para ser utilizado na fabricação do polietileno.
Além da Braskem, a Petrobras também ampliará suas operações na Refinaria Duque de Caxias (Reduc) e no próprio Complexo Boaventura, como parte de um pacote de investimentos que totaliza aproximadamente R$ 33 bilhões.
Lula participará da cerimônia de lançamento - O anúncio oficial dos projetos será feito nesta sexta-feira (4), durante evento que marcará um ano da gestão de Magda Chambriard na presidência da Petrobras. A cerimônia contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que visita o estado pela terceira vez em menos de um ano para acompanhar ações da estatal.
Antes do encontro com Lula, a presidente da Petrobras concederá uma entrevista coletiva à imprensa para detalhar os empreendimentos. Entre os projetos previstos estão também duas novas usinas termelétricas no Complexo Boaventura, com potências de 600 megawatts (MW) e 1,2 gigawatts (GW), ainda condicionadas à realização do Leilão de Reserva de Capacidade.
Foco em eficiência energética e menor impacto ambiental - O novo polo petroquímico terá porte menor que o já existente em Duque de Caxias, no bairro Campos Elíseos. No entanto, ele se destaca por seu foco em eficiência e sustentabilidade. A substituição da nafta pelo gás natural no processo industrial permitirá ganhos significativos na redução de emissões e no aproveitamento energético, o que representa um avanço estratégico em termos ambientais.
Reativação do Comperj sob nova visão energética - O Complexo Boaventura, que hoje abriga a UPGN, é a reconfiguração do antigo Comperj, projeto lançado no primeiro governo Lula para transformar Itaboraí em um centro petroquímico. Após anos de paralisação e associada às investigações da Operação Lava Jato, a iniciativa foi desidratada e reformulada ao longo do tempo.
Durante o governo Jair Bolsonaro (PL), sob a presidência de Roberto Castelo Branco, o local foi rebatizado como Gaslub e teve seu foco deslocado para produção de lubrificantes. No entanto, o projeto não prosperou. Agora, na nova gestão, o complexo foi rebatizado novamente — como Complexo de Energias Boaventura —, com ênfase na produção de combustíveis de baixo teor de enxofre e lubrificantes do grupo II, considerados de maior qualidade.
Ampliação estratégica da Refinaria Duque de Caxias - Na Reduc, os investimentos da Petrobras vão ampliar a capacidade de refino e modernizar sua estrutura. O plano estratégico da empresa para o período de 2025 a 2029 prevê um aumento na capacidade total de refino, passando de 1,813 milhão de barris por dia para 2,105 milhões.
Entre as metas específicas estão a produção diária de:
- 75 mil barris de diesel S-10
- 12 mil barris de lubrificantes do grupo II
- 20 mil barris de querosene de aviação com baixo teor de enxofre
Para atender a essas metas, serão construídas novas unidades industriais, incluindo uma de Hidrocraqueamento Catalítico (HCC), outra de Hidrotratamento (HDT), além de uma unidade de Desparafinação por Isomerização por Hidrogênio (HIDW), complementadas por instalações auxiliares.
O novo polo da Braskem em Duque de Caxias simboliza não apenas a retomada de um antigo projeto estratégico do país, mas também a reorientação da indústria petroquímica brasileira em direção a fontes mais limpas e eficientes de energia.
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