“Parem Netanyahu antes que ele nos mate a todos", diz Jeffrey Sachs
Professor Sachs e Sybil Fares alertam que guerra de Israel contra o Irã ameaça arrastar potências nucleares para o abismo da destruição global
247 – Em contundente artigo publicado no Common Dreams no dia 16 de junho de 2025, os analistas Jeffrey D. Sachs e Sybil Fares lançam um alerta urgente à comunidade internacional: “Pare Netanyahu antes que ele nos mate a todos”. Os autores denunciam que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu está promovendo uma escalada bélica com o Irã que pode culminar em um conflito nuclear global. Segundo os autores, o conflito foi deflagrado em 12 de junho, apenas dias antes da realização da sexta rodada de negociações entre os Estados Unidos e o Irã sobre a retomada do acordo nuclear (JCPOA), frustrando deliberadamente os esforços diplomáticos.
Uma trajetória de guerra e destruição
Sachs e Fares contextualizam o atual ataque de Israel ao Irã como a culminação de uma estratégia planejada há décadas. Desde os anos 1990, Netanyahu teria sistematicamente incentivado a militarização do Oriente Médio, com o objetivo de consolidar o domínio israelense sobre os territórios palestinos e neutralizar governos contrários a essa agenda.
Inspirado por mentores como Ze’ev Jabotinsky, Yitzhak Shamir e Menachem Begin, o atual premiê israelense seguiu a ideologia do Likud, partido que historicamente defende o controle total da Palestina histórica por Israel, conforme registrado na carta fundacional de 1977: “entre o mar e o Jordão haverá apenas soberania israelense”.
Essa visão extremista, segundo os autores, encontrou eco na estratégia do “Clean Break” (1996), desenvolvida por assessores de Netanyahu em Washington. Nela, os Estados Unidos deveriam abandonar qualquer pretensão de negociação com países árabes e, em vez disso, moldar o Oriente Médio por meio de guerras para remover regimes considerados hostis a Israel. “A estratégia foi posta em prática logo após o 11 de Setembro”, explicam Sachs e Fares, citando o general Wesley Clark, que revelou o plano dos EUA para atacar sete países em cinco anos, entre eles Iraque, Síria, Irã e Líbano.
Uma campanha de propaganda e manipulação
Segundo os autores, Netanyahu utilizou-se sistematicamente de desinformação para justificar as guerras. Em 2002, por exemplo, declarou ao Congresso dos EUA que a derrubada de Saddam Hussein traria “reverberações positivas” para toda a região. “Não há dúvida de que Saddam busca desenvolver armas nucleares”, afirmou falsamente.
Desde 1992, o premiê israelense vem profetizando que o Irã estaria “a poucos anos” de obter a bomba atômica — uma previsão adiada sucessivamente por mais de três décadas. Sachs e Fares denunciam esse padrão como uma tática deliberada para alimentar o medo e justificar agressões militares. “As alegações são pura propaganda; sempre há uma ‘ameaça existencial’ à mão”, escrevem.
Apesar das repetidas ofertas do Irã para negociar e da existência de uma fatwa emitida pelo aiatolá Ali Khamenei em 2003 proibindo o uso de armas nucleares, Netanyahu tem sistematicamente rejeitado qualquer tentativa de acordo. “O Irã se mostrou disposto a aceitar inspeções da AIEA e renunciar às armas nucleares”, afirmam os autores, mas essas iniciativas foram sabotadas por Israel e seu lobby nos EUA.
Guerra durante negociações e antes de conferência da ONU
O ataque de Israel ao Irã ocorreu dias antes da sexta rodada de negociações entre Teerã e Washington e também às vésperas de uma conferência da ONU sobre a Palestina que, segundo os autores, tinha potencial de reavivar o debate sobre a solução de dois Estados. Ambas as iniciativas foram prejudicadas pela ofensiva militar.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em seu segundo mandato, confirmou que sabia previamente do ataque israelense, mesmo enquanto o governo norte-americano discursava em prol das negociações. Para Sachs e Fares, isso representa um grave colapso da diplomacia e uma cumplicidade com o extremismo de Netanyahu.
Risco de guerra nuclear e caos geopolítico
A ofensiva de Israel já provoca reação internacional. A possibilidade de um alastramento do conflito envolve potências nucleares como Estados Unidos, Rússia e até o Paquistão, aliado do Irã. “Estamos nos aproximando de um confronto entre potências atômicas, com risco real de aniquilação global”, alertam os autores, que citam o relógio do juízo final, hoje a apenas 89 segundos da meia-noite — o ponto mais perigoso desde 1947.
A análise conclui com uma condenação clara ao papel de Netanyahu e seus aliados nos EUA, responsáveis, segundo os autores, por “destruir ou desestabilizar uma faixa de 4 mil km” do Norte da África até o oeste da Ásia em nome de um projeto que visa bloquear a criação de um Estado palestino. “O mundo merece algo melhor do que esse extremismo”, afirmam Sachs e Fares. “Mais de 180 países da ONU apoiam a solução de dois Estados e a estabilidade regional. Isso faz muito mais sentido do que Israel levar o mundo à beira do Armagedom nuclear.”
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