Nova autópsia do corpo de Juliana Marins enfrenta limitações severas no Brasil
Para a médica legista e especialista em perícia médica Caroline Daitx, o exame conduzido no Brasil enfrenta "limitações técnicas severas"
247 - A nova autópsia no corpo da brasileira Juliana Marins, de 24 anos, realizada no Rio de Janeiro nesta quarta-feira (2), pode ter pouco impacto na elucidação definitiva das circunstâncias de sua morte, segundo especialistas ouvidos pela CNN Brasil. A jovem morreu após uma queda durante uma trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia, e o caso gerou comoção e suspeitas, levando as autoridades brasileiras a requisitarem uma nova perícia no país.
Para a médica legista e especialista em perícia médica Caroline Daitx, o exame conduzido no Brasil enfrenta "limitações técnicas severas" por conta dos procedimentos realizados no exterior, que incluíram manipulação dos órgãos e embalsamamento do corpo. "A primeira necropsia já manipulou internamente os órgãos, tornando impossível, por exemplo, estimar o volume de sangue perdido, algo que poderia ser crucial para entender melhor a dinâmica da morte", explicou Daitx.
O primeiro laudo, realizado na Indonésia, apontou trauma torácico e hemorragia interna como causas da morte e descartou a possibilidade de hipotermia. Contudo, o exame não indicou o tempo exato do óbito, o que, somado ao intervalo de aproximadamente oito dias até a nova autópsia no Brasil, compromete as chances de conclusões mais precisas.
Ainda assim, a especialista acredita que o esforço é válido. “Mesmo com a baixa viabilidade de novos achados conclusivos, o esforço das autoridades é importante para manter a transparência e demonstrar o compromisso com a busca por justiça”, afirmou.De acordo com a Defensoria Pública da União, o procedimento foi conduzido por uma equipe multidisciplinar e seguiu protocolos técnico-científicos brasileiros. Caso sejam encontradas inconsistências ou indícios de negligência no laudo indonésio, o Brasil poderá acionar mecanismos internacionais de responsabilização.
Investigações na Indonésia e no Brasil
O caso segue sendo investigado pelas autoridades indonésias e brasileiras. A Polícia Nacional da Indonésia abriu um inquérito para apurar possíveis falhas nos protocolos de segurança e no resgate da brasileira.Além disso, agentes da polícia, em conjunto com especialistas da Embaixada do Brasil, realizaram uma inspeção no vulcão Rinjani, local do acidente, e avaliaram as condições e procedimentos adotados na região. A chefe do Parque Nacional de Rinjani, Lidya Saputro, confirmou que todos os protocolos de segurança estão sob análise.
O acidente e as suspeitas
Juliana Marins, publicitária e dançarina de pole dance, formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estava viajando pela Ásia desde fevereiro. O acidente ocorreu no dia 20 de junho, quando ela fazia uma trilha no vulcão Rinjani, em Lombok, ao lado de uma amiga.A jovem caiu de uma altura de aproximadamente 300 metros. Apesar do impacto, inicialmente conseguiu se mover e, três horas depois, turistas a avistaram e informaram sua localização à família. As buscas se estenderam por quatro dias, período em que, segundo relatos, Juliana "escorregava" pela montanha e chegou a ser avistada em diferentes pontos.A demora no resgate e o estado em que o corpo foi encontrado levantaram suspeitas. Imagens de drone mostraram Juliana aparentemente imóvel em uma região de difícil acesso, cerca de 500 metros abaixo do penhasco. Seu corpo foi localizado 650 metros distante do ponto inicial da queda.
O laudo oficial da primeira autópsia, conduzida no Hospital Bali Mandara, apontou traumatismo por força contundente como a causa da morte, que teria ocorrido em, no máximo, 20 minutos após o impacto, conforme afirmou o médico legista Dr. Ida Bagus Putu Alit. A hipótese de hipotermia foi oficialmente descartada.
O corpo de Juliana foi trazido ao Brasil, onde passou por nova análise antes de ser liberado para a família. As autoridades brasileiras agora aguardam o resultado do exame complementar, mesmo cientes das limitações técnicas impostas pelas condições em que o corpo foi recebido.O caso continua mobilizando as redes sociais e gerando cobranças por esclarecimentos. A família da jovem segue buscando respostas e denunciando o que considera negligência no resgate e nas investigações conduzidas no exterior.
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