'Uma bomba atômica do Irã seria um instrumento de paz', diz Breno Altman
Analista político critica ataque israelense, desmistifica acordos de paz e avalia cenário no Oriente Médio
247 – Em uma análise aprofundada sobre o conflito no Oriente Médio, o jornalista Breno Altman, editor do Opera Mundi, defendeu que a posse de uma bomba atômica pelo Irã poderia ser um fator de estabilidade na região. "Uma bomba atômica não é necessariamente o caminho para a guerra, muitas vezes historicamente tem sido assim, ele é o caminho para a paz, porque quando há equilíbrio atômico a hipótese de guerra está controlada", afirmou Altman em entrevista concedida ao Bom Dia 247, destacando a Coreia do Norte como exemplo, que, por possuir armamento nuclear, não é alvo de ameaças.
Altman abordou o recente ataque de Israel ao Irã, classificando-o como ilegal e comparando-o a uma "bengala de guerra" para o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu se manter no poder. "A Carta das Nações Unidas não permite ataque preventivo. A Carta das Nações Unidas só permite aos países recorrerem à violência se forem atacados. O Irã está na legalidade e Israel mais uma vez está no crime, Israel mais uma vez está na ilegalidade", enfatizou. Ele rejeitou veementemente a comparação entre o ataque israelense e a ação russa na Ucrânia, explicando que a Rússia agiu em resposta à agressão de Kiev contra a maioria russa no leste da Ucrânia, enquanto o Irã "não representava qualquer tipo de ameaça militar a Israel primeiro porque o Irã não faz fronteira com Israel".
Para Altman, a guerra é o "programa de Netanyahu para se manter no poder", pois sem ela, a coalizão que o sustenta com partidos de extrema-direita sionista se desfaz. O analista também explorou o conceito de "Eretz Israel" (A Grande Israel), um objetivo histórico sionista que, segundo ele, busca expandir o território israelense do Rio Eufrates ao Rio Nilo, incorporando vasta porção do Oriente Médio. Nesse cenário, "o Irã tem que ser destruído, o que coincide com a geopolítica norte-americana em relação ao Oriente Médio", afirmou.
Sobre as capacidades militares e de inteligência, Altman reconheceu que a inteligência israelense tem se mostrado superior à iraniana, citando a infiltração do Mossad no Irã e a recente captura de agentes. No entanto, ele ressaltou que "o Irã não é o Hamas, o Irã não é o Hezbollah, o Irã é um estado com forças armadas poderosas, com causa, com identidade ideológica ainda que definida pela identidade religiosa, mas uma identidade antisionista e anti-imperialista construída ao longo de décadas". Altman destacou o grande estoque de mísseis e a sofisticação da indústria de drones iraniana, que, inclusive, é a principal fornecedora de drones para a Rússia na guerra da Ucrânia. A estratégia iraniana, segundo ele, é desestabilizar a sociedade israelense, que "não está acostumada a ser atacada", criando uma percepção de pânico. Israel, para o analista, tornou-se uma "sociedade hedonística", sem o mesmo engajamento militar de gerações anteriores.
No cenário nacional, Breno Altman analisou a recente pesquisa Datafolha, que aponta a deterioração da popularidade do governo Lula e a ascensão de Tarcísio. "A pesquisa Datafolha é muito preocupante, nós não podemos fechar os olhos a esse respeito", alertou. Ele destacou que o governo "está sangrando abaixo de dois salários mínimos", base fundamental do voto petista, e que os processos judiciais contra o bolsonarismo "simplesmente ineficazes", não destruindo a força política. Segundo Altman, o governo Lula está "emparedado pelos seus aliados", partidos de centro-direita que exigem cortes orçamentários que recaem sobre a classe trabalhadora. Ele concluiu que o governo precisa "enfrentar a tigrada", apelando à mobilização popular para defender suas pautas progressistas, em vez de apostar apenas no entendimento com a centro-direita. Assista:
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