Ruy Castro fala do seu novo livro, “Trincheira Tropical”, e compara o surgimento do integralismo ao bolsonarismo
Imortal Ruy Castro compara os camisas verdes do integralismo aos camisas amarelas, do bolsonarismo
Por Denise Assis (247) - O imortal Ruy Castro discorre sobre um Rio que foi cenário para uma verdadeira teia de espionagem e confrontos violentos, enquanto a Segunda Guerra Mundial se desenrolava nos países da Europa. Nessa trama, tem lugar o crescimento do Integralismo, um braço do fascismo de Mussolini. O Brasil foi o país que mais abraçou essas ideias, que vieram dos camisas verdes aos camisas amarelas.
Em entrevista ao “Denise Assis Convida”, o escritor, jornalista e imortal, Ruy Castro, contou como durante seis anos pesquisou sobre a mudança gerada na cidade do Rio de Janeiro desde que o Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial. Para descrever esse cenário, Ruy passeia pelos idos dos anos de 1935 a 1945, quando se desenrolavam por aqui cenas de filmes de espionagem. Arapongas russos, nazistas com aparelhos de rádio amador, mulheres misteriosas e cafés lotados. Todos vigiando todos, enquanto os navios chegavam ao porto abarrotados de famílias judias, fugindo do flagelo do nazismo.
Em meio a essa balbúrdia, o integralismo, uma doutrina importada do fascismo de Mussolini, vicejava em terras brasileiras, vindo a ser o maior país, fora da Itália, a ter seguidores do Duce.
Segundo Castro, “a pregação desse tipo de líder político (fascista) é muito tentadora. Ele promete para você um governo totalmente austero, um governo benigno, em que os corruptos e os aproveitadores não terão vez, e que tem que acabar com essa coisa de governo estadual. Tem que ser um governo federal centralizador, com o poder total nas mãos. E sempre aquela mesma coisa: vai ser um governo de Deus, pátria e família, e do culto à bandeira nacional”, descreve.
Qualquer semelhança com o bolsonarismo indigesto que ainda hoje persiste não é mera coincidência. “Parece que eu estou descrevendo o Bolsonaro, mas eu estou falando do Plínio Salgado, em 1936, 37, 38 e ao mesmo tempo do Getúlio, que era a mesma coisa. O Getúlio só não governou com o Plínio Salgado - pelo contrário, ele esmagou o Plínio Salgado -, como já havia esmagado os comunistas, porque o Getúlio já estava no poder e quem já está no poder não pode admitir uma divisão no poder”.
Vistosos, com seus uniformes de camisa verde e calça preta, arrematado por gravata da mesma cor, eram barulhentos, organizados, verdadeiros grupos de paramilitares, conta o escritor. “Eles tinham que dar uma ideia de que eram uma grande massa de pessoas às quais seria confiado o poder mais cedo ou mais tarde. Era uma organização quase que paramilitar”, define.
“Eles eram fardados, tinham seus rituais de levantar o braço estendido em suas saudações, tinham as suas cerimônias, com todos os rituais de gestos e tudo o mais, e uma hierarquia que era também quase militar, quer dizer, o Plínio Salgado era o líder supremo. Ele tem razão em tudo o que fala. Ele vai nos conduzir e tudo o mais. Se você trocar essa multidão de camisas verdes pelas camisas amarelas da seleção brasileira, vai ser a mesma coisa, (dos bolsonaristas), na verdade”, comparou.
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