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Celso Amorim diz que BRICS é o novo nome do multilateralismo

Em entrevista, assessor especial da Presidência defende papel do bloco na nova ordem global e critica política externa de Trump

Celso Amorim (Foto: Agência Brasil )
Redação Brasil 247 avatar
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247 – O embaixador Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, defendeu com firmeza o protagonismo do BRICS na construção de uma nova ordem mundial mais equilibrada. Em entrevista ao jornalista Breno Altman no programa 20 Minutos, exibido na manhã desta sexta-feira (11/07), Amorim afirmou que o bloco representa uma alternativa concreta ao domínio exercido pelo G7 no cenário internacional. A entrevista foi publicada originalmente pelo portal Opera Mundi.

“O BRICS é o novo nome do multilateralismo”, afirmou o ex-chanceler. Para Amorim, o bloco tem papel decisivo no fortalecimento de uma governança global que reflita melhor a diversidade geopolítica do mundo. “É o BRICS que faz com que a gente possa ter esperança de ter um mundo realmente multilateral”, declarou. Segundo ele, ao apoiar fóruns como o G20, o grupo contribui para ampliar a voz dos países do Sul Global.

Apesar das ausências dos presidentes Xi Jinping, da China, e Vladimir Putin, da Rússia, na 17ª Cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro, Amorim avaliou o encontro como um sucesso. “Curiosamente, isso serviu para transmitir uma mensagem de que não se trata de um bloco dominado por Rússia ou China. A reunião foi um grande êxito”, enfatizou.

Durante a entrevista, Amorim também criticou duramente a política internacional conduzida por Donald Trump. “É muito difícil tentar encontrar qualquer lógica ou raciocínio que identifique causa e efeito de maneira clara”, afirmou. O diplomata apontou como exemplo a decisão do governo norte-americano de sobretaxar produtos brasileiros, o que, segundo ele, une motivações econômicas mal formuladas a uma tentativa de reafirmar a hegemonia dos Estados Unidos na região. Ele observou que tais medidas podem até prejudicar os próprios interesses norte-americanos, como no caso da Embraer, que importa componentes dos EUA.

Caso essas medidas se concretizem, Amorim declarou que o Brasil poderá acionar a Lei da Reciprocidade Comercial e reagir com firmeza. “Se tiver que retaliar, temos que atingir onde dói mais”, disse, referindo-se a setores como propriedade intelectual e audiovisual.

Sobre a crise humanitária na Palestina, o assessor da Presidência reafirmou a gravidade do genocídio promovido por Israel, mas ponderou que a ruptura das relações diplomáticas não seria o caminho mais eficaz neste momento. “A manutenção de canais formais é necessária inclusive para proteger cidadãos brasileiros que vivem em Israel, assim como para possibilitar ações diplomáticas que possam beneficiar também os palestinos”, explicou.

Amorim lembrou ainda das medidas adotadas pelo governo Lula em protesto às ações israelenses, como a retirada do embaixador brasileiro de Tel Aviv, a recusa do agrément a um novo representante israelense em Brasília e a suspensão da compra de obuseiros de Israel. Ao ser questionado se, fora do governo, apoiaria um boicote mais contundente, respondeu: “Se eu não estivesse no governo, teria assinado aquele manifesto dos professores da USP [que defende o boicote]”.

A entrevista revelou uma visão crítica e pragmática da política externa brasileira, reforçando a estratégia do governo Lula de promover uma atuação internacional baseada na justiça, no diálogo e na defesa de um multilateralismo real. Assista:

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