“A esquerda sem luta de classes se condena à derrota”, afirma Breno Altman
Jornalista defendeu mobilização popular como eixo estratégico e criticou a aposta exclusiva em articulações institucionais
247 – Durante sua participação no Bom Dia 247, o jornalista Breno Altman defendeu a centralidade da luta de classes como instrumento essencial para a atuação da esquerda no Brasil e no mundo. Para ele, o abandono dessa perspectiva enfraquece os partidos progressistas e compromete sua capacidade de disputar hegemonia.
“A esquerda sem luta de classes se condena à derrota”, afirmou. Na avaliação de Altman, partidos que se limitam à atuação institucional, sem mobilização social, perdem seu papel histórico: “Um partido de esquerda que fica aprisionado nas instituições, que fica consumido no jogo parlamentar, que fica sequestrado na administração pública sem recorrer à mobilização do povo está se condenando à derrota”.
O jornalista também destacou os limites objetivos da esquerda em relação às estruturas de poder dominadas por forças conservadoras. “A esquerda tem menos dinheiro, tem menos influência parlamentar, tem menos influência no Judiciário, não tem as Forças Armadas”, argumentou. Segundo ele, a principal força progressista reside na mobilização popular: “O que a esquerda pode ter que a direita não tem é a força mobilizada do povo”.
Altman reconheceu a dificuldade de reorganizar os setores mais precarizados da classe trabalhadora, mas apontou que isso é possível se a esquerda souber dialogar com novos perfis sociais. “O sentimento que leva as pessoas a quererem ser microempreendedoras é um sentimento de esquerda, embora elas não saibam. Elas não querem ter patrão. Isso é progressista”, afirmou. Para ele, é tarefa da esquerda apresentar uma resposta coletiva a esse sentimento difuso: “É necessário construir soluções que mostrem a esses trabalhadores que só há saída com organização coletiva e superação do capitalismo”.
Na entrevista, Altman também defendeu a escolha da justiça tributária como bandeira prioritária do governo e da manifestação nacional convocada para o dia 10 de julho. “A pauta é correta: isenção do imposto de renda até R$ 5 mil, taxação dos super ricos, defesa dos pisos constitucionais de saúde e educação. É uma palavra de ordem simples, compreensível e que unifica o povo”, avaliou.
O jornalista ainda sugeriu que o governo aprofunde essa agenda para incluir medidas que beneficiem os mais pobres. “Se a aposta for na mobilização social sobre o Congresso para aprovar reformas populares, é necessário claramente ter reformas populares que atendam o setor que ganha menos de dois salários mínimos”, disse.
Altman criticou a tendência de setores da esquerda de evitarem confrontos com o Congresso e de se afastarem da mobilização direta. “Há um trauma de 2013 que levou parte da esquerda a ter alergia de mobilização social. Mas a manifestação de agora é convocada pela esquerda, pelo governo, pelo PT, pelo PSOL, pelo PCdoB. É outra realidade”, afirmou.
Ao encerrar, defendeu o uso de mensagens políticas claras: “O que é mais fácil para o povo entender? ‘Congresso inimigo do povo’ ou ‘a maioria do Congresso, com exceção de alguns, é contra os interesses populares’? Propaganda é na veia. Pau na máquina”. Assista:
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: