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Varejo projeta crescimento de 1,44% no terceiro trimestre com impulso concentrado em vestuário

Setor cresce de forma desigual, com destaque para vestuário e colapso em livros e papelaria, segundo projeção do IBEVAR-FIA Business School

(Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil )
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247 - O varejo brasileiro deve apresentar um crescimento modesto e concentrado no terceiro trimestre de 2025, segundo projeção do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (IBEVAR), em parceria com a FIA Business School. A análise, divulgada nesta terça-feira (9), mostra que o Varejo Ampliado pode registrar avanço de 1,44% entre julho e setembro, enquanto o Varejo Restrito tende à estagnação, com leve retração de 0,09%. A discrepância entre os setores indica uma retomada ainda frágil e sustentada por poucos segmentos.

O principal motor dessa expansão é o setor de Tecidos, Vestuário e Calçados, que lidera com alta expressiva de 5,35% no trimestre, puxada por um pico de 5,65% em agosto. Este desempenho contrasta fortemente com a apatia generalizada observada nos demais segmentos, como Veículos, Combustíveis e Equipamentos de Escritório, todos com variação zero, e Alimentos e Bebidas, também estagnados.

De acordo com Claudio Felisoni, presidente do IBEVAR e professor da FIA Business School, “o varejo brasileiro enfrenta um paradoxo preocupante: enquanto vestuário e artigos pessoais mostram vigor excepcional, a maioria dos segmentos opera em marcha lenta ou reversa. É um crescimento concentrado e frágil que não reflete uma recuperação ampla do consumo.”

Além do vestuário, destacam-se de forma positiva os segmentos de Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico, com 1,94%, Artigos Farmacêuticos, com 1,10%, e Hipermercados, com tímido crescimento de 0,52%. No entanto, esses números não são suficientes para equilibrar as perdas relevantes de outros setores.

Entre os setores mais afetados negativamente, a maior retração é esperada em Livros, Jornais e Papelaria, com uma queda acentuada de 8,26%. Em seguida, aparecem Móveis e Eletrodomésticos, com retração de 1,48%, e Materiais de Construção, com queda de 0,19%. A crise na cadeia editorial, em especial, tem raízes profundas. A migração para o digital e as transformações no consumo educacional pós-pandemia indicam uma redução estrutural da demanda por produtos físicos.

A estagnação do setor automotivo, por sua vez, expõe os efeitos das elevadas taxas de juros mantidas pelo Banco Central, que dificultam o acesso ao crédito para aquisição de bens duráveis. A mesma lógica impacta negativamente a venda de equipamentos de escritório, refletindo a insegurança do consumidor em comprometer renda futura.

O bom desempenho do setor de vestuário pode ser explicado por uma combinação de fatores. Além da sazonalidade típica do período, o aumento nas vendas de agosto sugere uma retomada mais vigorosa do consumo ligado ao retorno de atividades presenciais, como trabalho, eventos sociais e escolares. “Observamos que a resiliência do segmento farmacêutico, por sua vez, confirma a natureza essencial e inelástica destes produtos, mantendo crescimento estável independentemente do cenário econômico”, ressalta Felisoni.

No panorama geral, o estudo revela que cinco dos onze segmentos analisados devem ter crescimento zero e três estão em retração. Isso reforça o diagnóstico de um consumo ainda reprimido, onde o brasileiro prioriza o essencial ou realiza compras pontuais em categorias específicas, como vestuário e itens pessoais.

Para que o varejo possa registrar uma recuperação mais robusta e disseminada, o IBEVAR aponta a necessidade de alterações no ambiente macroeconômico. Uma queda nos juros e a recuperação da confiança do consumidor são condições essenciais para que outros segmentos possam voltar a crescer de forma significativa nos próximos trimestres.

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