Afroempreendedorismo transforma o centro do Rio com cultura, acolhimento e geração de renda
Iniciativas como a Feijoca da Ju mostram a força de empreendedores negros que unem identidade, arte e impacto social em seus negócios
247 - No coração do centro antigo do Rio de Janeiro, um sobrado se transforma todos os sábados em espaço de resistência cultural, gastronomia e afeto. É ali que acontece a Feijoca da Ju, evento criado pela designer de interiores e empreendedora Juliana Bonifácio, que há nove anos une arte, música e comida para celebrar a identidade afro-carioca. O projeto é um dos exemplos mais pulsantes da força do afroempreendedorismo na cidade — um movimento que cresce, ocupa territórios e gera impacto social e econômico.
Juliana, que também atua com reformas, iniciou seu negócio sem uma estrutura formal, mas com muito propósito. Ao longo do tempo, transformou o Ateliê Bonifácio em um espaço coletivo, onde hoje funcionam 24 empreendimentos liderados majoritariamente por pessoas negras, nas áreas de moda, arte, gastronomia e serviços criativos. “Nossa casa recebe com afeto, acolhimento. As pessoas se sentem abraçadas e pertencentes a esse lugar”, afirma.
A empreendedora destaca que o caminho até a consolidação do negócio foi feito com trocas, escuta e colaboração entre mulheres pretas. Nesse percurso, iniciativas de apoio técnico, como as mentorias do Sebrae voltadas ao público negro, ajudaram a fortalecer a base do empreendimento. “O Sebrae tem uma escuta humanizada e assertiva de entender que os empreendimentos não são uma coisa só, principalmente para nós que trabalhamos com impacto social e cultura e não conseguimos investimentos simples que qualquer botequim consegue”, avalia Juliana.
Ela conta que, a partir desse suporte, conseguiu elaborar um plano de negócios, organizar processos e ampliar a rede de contatos com outros afroempreendedores. “O Sebrae me ajudou a estruturar os processos com os quais eu quebrava muito a cabeça. Também me deu oportunidade de fazer conexões em encontros, oficinas e eventos”, relata.
Afroempreender é resistir e inovar
O crescimento do afroempreendedorismo no Brasil não é apenas um fenômeno econômico, mas também uma resposta política e cultural à exclusão histórica da população negra dos espaços de poder e geração de riqueza. Os empreendimentos liderados por pessoas negras costumam carregar propósitos que vão além do lucro, promovendo inclusão, pertencimento e autoestima nas comunidades onde atuam.
No Rio de Janeiro, esse movimento ganha ainda mais força com a oferta de capacitações voltadas especificamente ao público afrodescendente. Estão abertas, até o dia 9 de julho, as inscrições para o projeto Afroempreendedorismo, que oferece 30 horas de formação gratuita em finanças, marketing, planejamento e gestão de processos. As atividades serão oferecidas tanto no formato online quanto presencial, e visam fortalecer negócios que já estão em atividade ou em fase inicial.
Iniciativas como essa ajudam a romper barreiras estruturais enfrentadas por empreendedores negros, oferecendo ferramentas práticas e, principalmente, reconhecimento. O afroempreendedorismo, como mostra o caso da Feijoca da Ju, é antes de tudo um ato de afirmação, que transforma a cultura em fonte de renda, orgulho e resistência.
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