Paralisação da OMC fortalece guerra comercial de Trump, avaliam diplomatas
Saída natural para as sobretaxas anunciadas pelos EUA, a Organização Mundial do Comércio está "paralisada" por falta de indicação de juízes
247 - A paralisação da Organização Mundial do Comércio (OMC) devido à falta de indicação de juízes tem favorecido a guerra comercial promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Diplomatas ouvidos pela Globonews apontam que a entidade seria a principal via para contestar as sobretaxas impostas pelo governo americano, mas sua inatividade deixa os países sem um mecanismo eficaz para resolver disputas comerciais. A nova rodada de tarifas sobre aço e alumínio, que entrou em vigor nesta quarta-feira (12), impacta diretamente grandes parceiros comerciais dos EUA, como Canadá, México e Brasil, sem que haja um canal multilateral para mediação.
No Itamaraty, a percepção é que a paralisação da OMC fortalece Trump, permitindo-lhe seguir com sua política protecionista sem grande oposição internacional. "Sem um mecanismo internacional de negociação, prevalece a 'lei da selva'", afirmou um diplomata. No entanto, especialistas alertam que, apesar do impacto imediato positivo para o governo americano, a medida pode elevar a inflação e pressionar o custo de vida nos EUA, o que poderia forçar Trump a reconsiderar suas políticas à medida que os efeitos atingirem os consumidores.
Diplomatas também destacam que a crise da OMC não é um evento isolado, mas consequência de uma estratégia de sucessivos governos americanos, tanto democratas quanto republicanos, que impediram a nomeação de juízes para o órgão, enfraquecendo sua capacidade de mediação. Essa situação deixa os países sem um recurso confiável para resolver disputas comerciais e aumenta a incerteza nas relações globais.
O ex-diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, alertou para o risco de uma escalada das tensões comerciais, gerando um cenário de imprevisibilidade global. Em entrevista à Globonews, ele comparou o momento atual com o da Guerra Fria, mas ressaltou que antes havia regras claras, enquanto hoje a incerteza é absoluta. Azevêdo também destacou que, mesmo diante de alertas do mercado financeiro sobre os riscos da política tarifária, Trump parece dobrar suas apostas, priorizando sua base eleitoral. Com a OMC enfraquecida, os países afetados terão que buscar soluções bilaterais para contornar os impactos das medidas protecionistas americanas.
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