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Índia negocia acordo com os EUA para limitar tarifas de importação a menos de 20%

Entendimento provisório deve evitar carta de imposição tarifária e abre caminho para tratado comercial mais amplo no segundo semestre

Narendra Modi, presidente indiano, durante discurso. (Foto: Aurelien Morissard/Pool via REUTERS)
Luis Mauro Filho avatar
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247 - Os Estados Unidos e a Índia estão próximos de fechar um acordo comercial provisório que pode estabelecer tarifas de importação abaixo dos 20%, conforme revelaram fontes a par das negociações à agência Bloomberg. 

O entendimento colocaria a Índia em posição de destaque frente a outras economias da região, que foram surpreendidas por aumentos expressivos nas tarifas impostas pelo governo do presidente Donald Trump.

Ao contrário de diversas nações que receberam notificações formais de aumento tarifário nos últimos dias, a expectativa de Nova Délhi é de que o acerto seja divulgado por meio de um comunicado conjunto, evitando tensões públicas. O pacto provisório criaria espaço para negociações contínuas, permitindo que a Índia avance em pontos sensíveis antes de um eventual tratado definitivo, previsto para o outono do hemisfério norte.

Segundo as fontes, que pediram anonimato por se tratar de tratativas confidenciais, o acordo inicial fixaria uma tarifa de referência abaixo de 20% — inferior aos 26% originalmente propostos. A redação do documento manteria margem para que as partes ajustem esse percentual nas próximas rodadas de negociação.

Pressão tarifária e estratégia de antecipação

Caso o acordo se concretize, a Índia se somará a um grupo pequeno de países que conseguiram costurar entendimentos com o governo Trump, que recentemente anunciou taxas que chegam a 50% para certos parceiros, como o Brasil, com vigência a partir de 1º de agosto. 

No cenário asiático, por exemplo, o Vietnã e as Filipinas enfrentam tarifas de 20%, enquanto Laos e Mianmar foram alvo de alíquotas de até 40%.

Ao buscar se antecipar à ofensiva tarifária de Washington, a Índia teria apresentado sua proposta máxima já nos primeiros meses do ano, delimitando suas “linhas vermelhas”. Um dos principais entraves é a insistência dos EUA para que o país abra seu mercado a produtos geneticamente modificados — uma condição rechaçada por Nova Délhi, que alega riscos aos seus produtores rurais.

Além disso, divergências persistem nas áreas de barreiras não tarifárias à agricultura e nos mecanismos regulatórios da indústria farmacêutica.

Competição regional e recados públicos

Nova Délhi também tenta garantir termos mais vantajosos do que os acertados com o Vietnã, cuja taxa de 20% foi considerada inesperada por Hanói. Até o momento, além do Vietnã, apenas o Reino Unido obteve um anúncio público de acordo com a gestão Trump.

O presidente dos Estados Unidos afirmou à NBC News, nesta quinta-feira (10), que estuda impor tarifas generalizadas entre 15% e 20% à maioria dos parceiros que ainda não foram formalmente notificados. Hoje, a taxa mínima aplicada globalmente pelos EUA gira em torno de 10%.

Trump chegou a mencionar publicamente, nesta semana, que as negociações com a Índia estavam “próximas do fim”, embora tenha também ameaçado retaliações por conta da participação do país no grupo dos BRICS. Uma delegação indiana deve viajar a Washington nos próximos dias para avançar nos pontos pendentes.

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